Um relatório da organização ambientalista WWF conclui que, se nada for
feito, a Terra poderá perder uma área florestal equivalente a metade
da União Europeia.
Virgílio Azevedo (www.expresso.pt)
18:48 Quinta feira, 5 de maio de 2011
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Treze milhões de hectares de florestas naturais ou seminaturais
perdem-se anualmente em todo o mundo devido à desflorestação e à
degradação florestal.
É uma área superior à de Portugal e se nada for feito para travar este
processo, 230 milhões de hectares (2,3 milhões de km2 ou 50% da área
da UE) poderão ser atingidos por esta "praga" até 2050, conclui o novo
relatório 'Florestas Vivas' do World Wide Fund (WWF). O primeiro
capítulo foi divulgado esta semana, no momento em que a conhecida
organização ambientalista celebra 50 anos de existência.
O relatório surge quando foi encerrada em Jacarta, capital da
Indonésia, a Conferência Global de Negócios para o Ambiente (Business
4 Environment), que colocou líderes empresariais e políticos de todo o
mundo a discutir temas como os investimentos verdes, as tecnologias
limpas e as estratégias de crescimento sustentável.
O documento propõe que os responsáveis políticos e as empresas se unam
em torno de uma meta de desflorestação e degradação florestal zero
(ZNDD-Zero Net Deforestation and Degradation) até 2020, para evitar as
alterações climáticas irreversíveis e reduzir efetivamente a perda de
biodiversidade.
Floresta precisa de governação e incentivos económicos
"Estamos a desperdiçar florestas por não conseguirmos resolver
questões políticas vitais, como a governação e os incentivos
económicos para mantermos a floresta viva", afirma Rod Taylor.
O diretor do Programa Florestas da WWF Internacional acrescenta que
uma melhor governação e incentivos económicos adequados "permitirão
retirar mais privilégios das florestas e obter um uso mais produtivo
da terra já degradada", o que garantiria terras agrícolas suficientes
para as necessidades futuras e florestas bem geridas para responder à
expansão da procura mundial de madeira, alimentos e energia sem
provocar a sua destruição ou degradação.
Como salienta o relatório, "os produtos florestais são renováveis e,
quando provenientes de florestas naturais e plantações bem geridas,
tendem a ter uma menor pegada ecológica do que alternativas
provenientes de fontes fósseis, como o aço e o plástico".
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Estratégia de desenvolvimento inadequada
Há cerca de dois anos, um estudo internacional publicado na revista
"Science" e liderado pela investigadora portuguesa Ana Rodrigues, do
Instituto Superior Técnico, concluía que a estratégia de
desenvolvimento para a Amazónia, a maior floresta tropical do mundo, é
inadequada porque "não parece resultar numa melhoria sustentada da
qualidade de vida das populações".
A equipa de Ana Rodrigues investigou a variação nos níveis de
educação, esperança de vida e rendimento económico entre populações de
regiões com a floresta intacta, regiões em plena fronteira de
desflorestação e regiões já desflorestadas.
E concluiu que "a qualidade de vida das populações aumenta rapidamente
com a chegada dessa fronteira, mas esta melhoria é transitória". Na
prática, "os indivíduos nas zonas já desflorestadas têm uma qualidade
de vida tão baixa como aqueles que vivem em zonas remotas no centro da
Amazónia".
Ana Rodrigues explicava então que a substituição das florestas por
pastagens e terrenos agrícolas "é o preço a pagar pelo desenvolvimento
económico", mas os resultados obtidos no estudo indicam "que uma coisa
não leva necessariamente à outra".
O que significa que o desafio para os governos é encontrar um modelo
de desenvolvimento que resulte numa melhoria real da qualidade de vida
das populações, "mas sem sacrificar o património natural da Amazónia".
Portugal: 40% do território ocupado por florestas
Em Portugal, quase 40% do território é ocupado por florestas, na sua
maioria associadas às monoculturas do pinheiro-bravo e do eucalipto,
mas também a montados de sobreiros e azinheiras protegidos, bem como a
carvalhais autóctones sem estatuto de proteção, apesar da sua
importância ecológica.
A floresta representa 12% das exportações portuguesas mas a
desflorestação tem sido uma constante devido à reconversão de terras
para a agricultura, construção de infraestruturas, avanço da
urbanização e dos biocombustíveis e monocultura do eucalipto.
Além disso, a floresta portuguesa é ameaçada por incêndios, pragas,
espécies invasoras, má gestão, abandono do mundo rural e alterações
climáticas.
http://aeiou.expresso.pt/florestas-em-risco-2300000-km2-ameacados=f647201
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