4º edição dos "Dias do Desenvolvimento" no ISCSP
Uma situação de insegurança alimentar leva as pessoas a contestarem
mais rapidamente a sua falta de participação política e de cidadania,
alertou em Lisboa uma especialista do Instituto Superior de Ciências
Sociais e Políticas.
06 Maio 2011Nº de votos (1) Comentários (0)
Mónica Ferro, especialista em Relações Internacionais e Segurança do
Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), da
Universidade Técnica de Lisboa, vincou em declarações à Lusa a "forte
ligação" que existe entre a insegurança alimentar e a instabilidade
política".
Falando à margem da 4º edição dos "Dias do Desenvolvimento", que
decorrem até esta sexta-feira no ISCSP, a professora lembrou que
quando, num determinado país, escasseiam os alimentos ou os preços dos
bens alimentares essenciais são muito elevados, os cidadãos "mais
depressa contestam a sua falta de participação política e a sua falta
de cidadania", e exigem mudanças. Mónica Ferro referiu que o que está
a acontecer em alguns países do Magrebe também foi "influenciado
pelos preços dos alimentos".
"Para mim chega-me o facto de estarmos a falar de seres humanos que
não têm acesso a alimentos para haver uma intervenção. Para quem isso
não chegar, para quem precisa de uma razão mais realista: chama-se
potenciar a insegurança e instabilidade global", frisou.
Andrew Mold, economista chefe da Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Económico (OCDE), por sua vez, afirmou à Lusa que
"não é previsível" dizer até quando é que os governos africanos vão
conseguir subsidiar o consumo de forma a evitar novas revoltas
sociais. "Em alguns casos há subsídios relevantes para os alimentos
básicos devido às implicações sociais de não fazê-lo. Até quando isto
se mantém sustentável depende da percentagem de recursos absolutos
gastos nesses subsídios. Durante períodos prolongados de preços altos
isto causa um grande dilema aos respetivos governos", explicou.
Para Mold, com uma crise alimentar e preços muito elevados, é
fundamental que se invista mais nos sectores produtivos, especialmente
na produtividade do sector agrícola. "Existe essa evidência, mas
lamentavelmente nem os respectivos governos nacionais nem os doadores
internacionais estão a cumprir esse compromisso", criticou.
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/inseguranca-alimentar-e-instabilidade-politica-estao-ligadas-diz-especialista
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