domingo, 20 de maio de 2012

Obama anuncia financiamento de 3000 milhões para segurança alimentar em África

Investimento será feito através de empresas e abrange diversos
projectos agrícolas

18.05.2012 - 18:16 Por Isabel Gorjão Santos, com agências
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Financiamento anunciado por Obama pretende melhorar a segurança
alimentar em África (Mary F. Calvert/Reuters)
A cimeira do G8 em Washington tem como ponto forte da agenda a crise
na zona euro, mas Barack Obama dedicou-se também a outras latitudes. A
Casa Branca confirmou a assinatura de um acordo com empresas privadas
para um investimento de 3000 milhões de dólares na agricultura em
África.


Os Estados Unidos irão financiar empresas que tenham como objectivo
ajudar a combater a fome nos países em desenvolvimento e melhorar a
produção agrícola e a segurança alimentar. "Com esta abordagem,
acreditamos que será possível tirar cerca de 50 milhões de pessoas da
situação de pobreza e de fome", disse aos jornalistas Rajiv Shah,
responsável da agência norte-americana para o desenvolvimento
internacional (USAid).

"Não podemos ter estabilidade e segurança enquanto houver uma forte
insegurança alimentar", salientou Shah. Esta iniciativa prevê a
participação de pelo menos 45 empresas em projectos agrícolas,
sobretudo de pequena dimensão. Pode ser o caso de uma empresa de
telecomunicações que ajudará cerca de 500.000 pequenos agricultores a
estarem constantemente actualizados, através de mensagens de texto,
sobre o preço dos produtos nos mercados locais, por exemplo. Ou de uma
empresa de equipamentos agrícolas que irá investir 100 milhões de
dólares em formação e na melhoria da produção de cerca de 25.000
pequenos agricultores de Moçambique e da Etiópia.

Os 3000 milhões de dólares anunciados representam apenas uma pequena
parte dos 22.000 milhões que foram prometidos no acordo estabelecido
na cimeira do G8 na cidade italiana de L'Aquila, em 2009, cuja
aplicação estava prevista para os três anos seguintes. O Presidente
norte-americano já disse que irá apelar aos países do G8 para que
mantenham o apoio prometido em L'Aquila para lá de 2012.

A organização humanitária Oxfam manifestou reservas quanto a este
anúncio, ao salientar o facto de estarem a ser envolvidas organizações
privadas. "Os líderes do G8 devem assumir a responsabilidade por
aquilo com que se comprometem, não devem transferir isso para outros".

Michael Froman, conselheiro de Obama para as questões económicas
internacionais, respondeu a estas críticas na conferência de imprensa
em que o projecto foi apresentado. "Não se trata de substituir a ajuda
alimentar", disse. "Trata-se de combinar a ajuda com capital privado,
ferramentas para aumentar a inovação e estratégias para gestão dos
riscos."

O projecto agora anunciado irá envolver 30 países, sobretudo em África
mas também na Ásia, nomeadamente o Bangladesh, Benin, Moçambique,
Nepal, Nigéria, Ruanda, Serra Leoa, Zâmbia, Uganda, Tajiquistão e
Etiópia. As atenções voltam-se sobretudo para a África Subsariana,
porque é aí que se encontra cerca de 60% do solo de todo o mundo que,
sendo arável, não está a ser utilizado. "Se criarmos uma verdadeira
revolução agrícola na África Subsariana, centenas de milhões de
pessoas irão beneficiar", considerou Rajiv Shah.

http://www.publico.pt/Mundo/obama-anuncia-financiamento-de-3000-milhoes-de-dolares-para-a-seguranca-alimentar-em-africa-1546707

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