terça-feira, 20 de março de 2012

Actualização do registo mundial de temperaturas revela que 2010 foi o ano mais quente

19.03.2012
Nicolau Ferreira
De acordo com uma nova avaliação da evolução das temperaturas da
Terra, o ano de 2010 passa a ser o mais quente desde 1850, em vez de
1998. Esta actualização, feita pelo HadCRUT, um dos principais
registos de temperatura global, do Reino Unido, contou com novos dados
de temperatura do Árctico. Os resultados foram publicados na revista
Journal of Geophysical Research e mostram que esta actualização não
altera o aumento médio de temperaturas desde 1900, de 0,75 graus.
A ciência do clima e a teoria largamente defendida de que a Terra está
a registar um aumento de temperatura que não se explica por oscilações
naturais, mas sim pela mão humana, está também baseada no registo das
temperaturas do ar nos continentes e dos oceanos, ao longo de mais de
um século.

Os dados da HadCRUT incluem informação das temperaturas nos
continentes compiladas pela Unidade de Investigação Climática (CRU,
sigla em inglês) da Universidade de East Anglia, em Norfolk, no Reino
Unido e os registos de temperaturas da superfície dos oceanos,
compilados pelo Centro de Hadley do Instituto de Meteorologia do Reino
Unido. "O novo estudo reúne as nossas bases de dados mais recentes e
mais completas das observações da temperatura da terra e do mar, em
conjunto com novos avanços na compreensão de como se faziam as
medições no mar", disse Colin Morice, cientistas do Instituto
Meteorológico do Reino Unido, citado pela AP. O resumo do artigo está
disponível online (em inglês): clique aqui.
A primeira rede de estações meteorológicas data de 1653, no Norte de
Itália, mas só a meio do século XIX é que o número de estações e a sua
distribuição passou a ser suficientemente generalizada para ter
validade científica.
Desde essa altura que os métodos têm vindo a ser optimizados e
normalizados. Os cientistas tiveram agora em conta, por exemplo, o
enviesamento nos registos de temperatura da superfície do oceano,
quando era medida em baldes com água tirada do mar, em que havia uma
descida de temperatura em relação à do oceano.
No novo artigo foram incluídas as observações de 400 estações
meteorológicas no Árctico, na Rússia e no Canadá. Uma das regiões mais
afectadas pelo aumento de temperatura. "A HadCRUT é sustentada por
observações e tornou-se claro que [o modelo] poderia não estar a
captar na sua totalidade as mudanças no Árctico, devido a haver tão
pouca informação nesta área", disse Phil Jones, director do CRU e
primeiro autor do artigo, citado pela BBC News. Os resultados também
utilizaram registos novos vindo da África e da Austrália.
"A actualização resultou em algumas mudanças em anos individuais, mas
não mudou o sinal geral do aquecimento de cerca de 0,75 graus desde
1900", disse Morice.
Mas o ano mais quente de todos, 1998, caiu para terceiro lugar,
segundo a nova actualização, sendo substituído por 2010 e o ano de
2005 ficou em segundo lugar. Os dez anos mais quentes ocorreram todos
nos últimos 14 anos. Outra conclusão, é que o aumento de temperatura
não é homogéneo. "O Hemisfério Norte e o Hemisfério Sul aqueceram em
1,12 graus e 0,84º ao longo do período entre 1901 e 2010", lê-se no
resumo do artigo. Só desde 2001, o Norte aqueceu 0,1 graus.
No início deste ano, a NASA divulgou um relatório que previa um maior
aquecimento da Terra nos próximos anos. De acordo com este trabalho da
agência espacial norte-americana, o ano de 2011 acabou por ser o nono
mais quente desde 1880. No ano passado, as temperaturas médias à
superfície foram 0,51ºC mais altas do que os valores médios do período
base 1951-1980.
http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1538584

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