domingo, 29 de abril de 2012

Touradas à corda não cobram bilhete mas movimentam a economia da ilha Terceira

Lusa
28 Abr, 2012, 11:00

No mês de maio realizam-se mais de duas dezenas de touradas à corda na
ilha Terceira, nos Açores, uma tradição que movimenta milhares de
pessoas e tem um impacto significativo na economia local.
A época tauromáquica do ano passado contou com 257 touradas à corda,
realizadas entre maio e outubro, estimando José Henrique Pimpão,
aficionado e observador desta manifestação popular, que, apesar da
crise, pelo menos as corridas tradicionais se mantenham este ano.

"As touradas tradicionais, em geral, não falham, porque toda a gente
contribui", afirmou este aficionado, em declarações à Lusa, recordando
que são 119 as corridas enquadradas nesta categoria, normalmente
associadas às festas em honra do Espírito Santo ou do padroeiro da
freguesia em que se realizam.


José Henrique Pimpão, que chega a assistir a duas corridas no mesmo
dia, não consegue explicar o gosto dos terceirenses pela festa brava,
considerando que "está no sangue" e que o amor pelo touro está
"entranhado" desde o início do povoamento.

Apesar de ninguém pagar para assistir a uma tourada à corda, estas
manifestações tauromáquicas populares movimentam a economia da
Terceira, nomeadamente através das tascas montadas no arraial, da
comida que é comprada para colocar nas mesas e até dos DVD com os
melhores momentos das touradas que são vendidos posteriormente.

José Henrique Pimpão defendeu, no entanto, que o impacto na economia
local poderia ser maior se a promoção turística fosse feita através da
criação de um "cabaz turístico que incluísse a tourada à corda", a
vender nas agências de viagem do continente.

O aumento do valor das licenças necessárias para realizar uma tourada
à corda está a fazer com que a população abandone as comissões de
festas, salientando este aficionado que atualmente os ganadeiros,
cerca de duas dezenas na ilha, já recebem menos do que o valor total
das licenças.

O seguro, a deslocação de agentes da PSP e de um fiscal da autarquia,
o transporte dos animais e as licenças da Câmara Municipal e de
foguetes chegam a custar mais de 1.000 euros, afirmou José Henrique
Pimpão, recordando que a licença de foguetes, por exemplo, aumentou de
5,28 euros para 101,40 euros.

José Henrique Pimpão lamentou que se cheguem a realizar quatro ou
cinco touradas no mesmo dia, considerando que isso prejudica a
qualidade do espetáculo, uma vez que a população acaba por se
concentrar no local com melhores touros, ficando os restantes sem
público e sem alguém que `brinque` com os animais.

http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=548952&tm=4&layout=121&visual=49

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