sábado, 11 de agosto de 2012

Açúcar em risco de faltar

9 de Agosto, 2012por Hugo Alegre

As refinarias portuguesas estão em risco de ruptura e receiam que
possa ter de ser feito um novo racionamento de açúcar no país, dado à
falta crescente do produto.
A emblemática fábrica Pastéis de Belém e a confeitaria artesanal
Arcádia, por exemplo, garantem que estão atentas ao problema. E
admitem que caso a situação se agrave pode ter impacto na produção e
também no preço dos produtos. «Para tentar contornar o problema e
evitar prejuízos num possível racionamento, temos mais de um
fornecedor», diz ao SOL Miguel Clarinha, um dos gerentes dos Pastéis
de Belém. Já a gigante Nestlé, por seu lado, adianta que tem stocks
suficientes até 2013, para resistir a uma eventual crise.

Certo é que João Pereira, Presidente do Conselho de Administração da
Refinarias de Açúcar Reunidas (uma das três que existem no país) tem
vindo a alertar para a difícil situação em que vive o sector. «O
açúcar está mal encaminhado em termos de quantidade e no mau caminho
em termos financeiros», avisa João Pereira, lembrando que este cenário
resulta do facto de a Comissão Europeia (CE) – para proteger a
indústria de beterraba – apenas autorizar as refinarias europeias a
aprovisionar-se sem pagamento de tarifas em certos países
sub-desenvolvidos (preferenciais), não tendo estes matéria-prima
suficiente. «Muitas vezes temos que recorrer ao Brasil para ter acesso
a quantidades suplementares de açúcar e chegamos a pagar 500 euros por
cada tonelada acima da quota. É insustentável», diz.

A gravidade da situação das refinarias nacionais levou, aliás, a que
os eurodeputados portugueses integrassem um grupo de trabalho para
encontrar soluções imediatas. Mas as 'negociações' com o comissário
europeu da Agricultura estão a ser difíceis. «Mostrou abertura para
fazer uma reunião, mas adoptou uma postura muito cautelosa em relação
à alteração de tarifas», adiantou ao SOL o eurodeputado Capoulas
Santos.

As refinarias garantem contudo que, se a CE não aceitar as alterações,
o sector ( responsável por mais de 80% do açúcar branco no mercado
nacional) entra em colapso. Do gabinete da ministra da Agricultora vem
a garantia de que Assunção Cristas está a acompanhar o caso e que o
Governo está, no seio da UE, a «pressionar para que as refinarias
possam ter abastecimento regular a preços competitivos».

hugo.alegre@externo.sol.pt

http://sol.sapo.pt/inicio/Economia/Interior.aspx?content_id=56511

Sem comentários:

Enviar um comentário