quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Produção de uvas cai e pode afectar oferta de vinhos europeus

ONTEM às 14:57 actualizada às 17:29

A Europa está a viver outra crise - não da dívida, e sim das uvas. A
produção caiu muito, com redução de até 40% em determinadas regiões
portuguesas, o que significa que as vinícolas terão menos garrafas
para vender dentro de alguns meses.

A situação é ainda pior em partes da Borgonha (França), onde chuvas de
granizo castigaram as vinhas de Pommard, Santenay e Volnay, destruindo
quase 80% da safra, segundo o Departamento Interprofissional dos
Vinhos da Borgonha (BIVB, na sigla em francês). Além do frio e do
granizo, os produtores enfrentam também a ameaça do mofo e de outros
fungos.

Cecile Mathiaud, porta-voz da entidade, observou que as actuais
circunstâncias provocam um crescimento desigual dos cachos, condição
chamada de «millerandage», que é «prejudicial para a quantidade, mas
geralmente é promessa de qualidade».

Um produtor vinícola português, Bernardo Cabral, da Casa Santa
Vitória, repetiu a previsão de Mathiaud, dizendo que «felizmente,
pequenas bagas estão relacionadas com alta concentração, então, neste
momento, temos vinhos de altíssima qualidade em processo (de
fabrico)».

David Baverstock, enólogo da vinícola portuguesa Esporão, que está na
metade da colheita, disse que «há casos de safras caindo até 40 por
cento em relação ao normal, e provavelmente ficará na média entre 20 a
30 por cento (abaixo do habitual)».

No Loire, uma das maiores regiões vinícolas da França, a colheita
acaba de começar, mas uma redução na quantidade já é esperada.

Em Espanha, o conselho regulador dos vinhos da Rioja confirmou que a
sua safra também ficará reduzida.

Mas, segundo uma porta-voz da entidade, «a boa notícia é que os
consumidores não sentirão nenhum efeito dessa safra menos produtiva,
já que a Rioja tem reservas suficientes em termos de volume para
atender à procura global».

Karl Storchmann, editor da revista da Associação Americana dos
Economistas do Vinho, disse que «as leis da oferta e da procura
funcionam em qualquer mercado, inclusive no das uvas».

«No entanto», prosseguiu, «se o preço das uvas europeias sobe, isso
não significa que os preços dos vinhos para o consumidor subirão».

«As vinícolas tendem a manter os seus preços bastante estáveis - não
muito abaixo nos anos maus, não muito acima nos anos bons».

Vinícolas da Itália e da Grécia também relataram safras reduzidas, mas
com boa qualidade.

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=593511

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