domingo, 30 de dezembro de 2012

Motoristas de transporte de mercadorias ameaçam "paralisar o país"

Crise

Económico com Lusa
21/12/12 17:50

Os motoristas ao serviço das transportadoras rodoviárias de
mercadorias ameaçaram hoje "paralisar o país", com uma greve de
repercussões superiores à dos estivadores.

Em conferência de imprensa, realizada no Porto, o dirigente da
Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans)
Vítor Pereira disse que vai pedir uma audiência urgência ao secretário
de Estado dos Transportes, a fim de o alertar para a "desumanização"
do setor.

"Caso não haja recuo", se motoristas "continuarem a ser tratados como
peças de camião, poderão chatear-se a sério e paralisar o país",
advertiu o dirigente sindical, explicitando, depois, de se referia
expressamente ao recurso à greve, além de "outras formas de luta". "Há
alturas em que é preciso dizer 'basta'", acrescentou.

Vítor Pereira sublinhou que uma paralisação no transporte rodoviário
de mercadorias "é ainda é mais grave para o país do que as dos
portos", ou seja, dos estivadores, já que uma simples paragem de três
dias deixará as prateleiras dos supermercados vazias e as gasolineiras
sem carburantes.

De entre as "graves situações" que afetam os motoristas de transportes
de mercadorias, sobretudo os das linhas internacionais, incluem-se,
segundo a estrutura sindical, "pressões para que abdiquem do descanso
pondo em risco a segurança própria e dos outros".

Para fazer face à concorrência, um crescente número de transportadores
está a optar por salários-base baixos, pagando um adicional em função
dos quilómetros percorridos, disse Hélder Borges, um dos motoristas
que a Fectrans convidou para participar na conferência de imprensa.

Há empresários que pagam esse adicional sem o declarar ao Fisco,
representando "milhões em fuga aos impostos", assegurou.

Vítor Pereira explicitou que o expediente gera a maior parte dos
problemas com que se debatem os motoristas. Um deles é guiarem mais
horas seguidas do que deviam, para receberem mais, pondo em risco a
sua segurança e de outros utentes da estrada.

Além de chegarem a conduzir 12 a 14 horas, os motoristas evitam
situações de baixa, porque o respetivo subsídio corresponderia apenas
ao salário-base, e arriscam grandes penalizações em casos de
desemprego ou reforma.

"O pagamento ao quilómetro é uma habilidade que a lei proíbe
expressamente e constitui uma forma de pressionar os motoristas para
andarem sem descansar", disse o dirigente sindical, acrescentando que
acaba por fomentar também a concorrência desleal no setor.

Pedro Nunes, um dos vários motoristas chamados pela Fectrans a
explicar o seu dia-a-dia laboral, disse que quem contestar imposições
patronais deste tipo acaba na "jarra", ou seja, a fazer menos
quilómetros, com implicações negativas no montante a receber no final
do mês.

O transporte rodoviário de mercadorias envolve 4.000 a 5.000 empresas
portuguesas, que empregam 35.000 a 50.000 motoristas, segundo
estimativas da Fectrans.

http://economico.sapo.pt/noticias/motoristas-de-transporte-de-mercadorias-ameacam-paralisar-o-pais_159078.html

Sem comentários:

Enviar um comentário