segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

21 anos de dados confirmam: o milho transgénico não só é seguro, como tem benefícios para a saúde


Por ZAP - 23 Fevereiro, 2018

Milho transgénico afinal traz beneficios para a saúde
Os defensores de alimentos orgânicos citam frequentemente notícias ou estudos isolados que respaldam a sua visão de que as culturas geneticamente modificadas não são boas, porque não aumentam os rendimentos dos agricultores e não são seguras para a saúde.

Porém, uma equipa de cientistas italiana, através de uma meta-análise rigorosa que vasculhou os dados de mais de seis mil estudos produzidos em 21 anos de informação, descobriu que o milho transgénico possui diversas vantagens sobre as variedades convencionais e é seguro.

O milho transgénico aumentou os rendimentos de agricultores em até 25% (variando de 5,6 a 24,5% nos países com culturas) e diminuiu drasticamente os contaminantes perigosos do alimento.

A análise incluiu dados desde 1996, quando o primeiro milho transgénico foi plantado, até 2016 nos Estados Unidos, Europa, América do Sul, Ásia, África e Austrália. As descobertas foram publicadas em fevereiro na revista científica Scientific Reports.


O estudo também reafirmou o consenso científico de que o milho geneticamente modificado não representa riscos para a saúde humana. Pelo contrário, pode até ter benefícios.

Por exemplo, as culturas de milho transgénico apresentaram percentagens mais baixas de micotoxinas (-28,8%), fumonisinas (-30,6%) e tricotecenos (-36,5%) relativamente ao milho convencional.

As micotoxinas são tóxicas e cancerígenas. O milho transgénico provavelmente apresenta menor teor porque as variedades geneticamente modificadas diminuem o dano feito por insetos em 59,6%. Esse dano enfraquece o "sistema imunológico" da planta, deixando-a mais suscetível ao desenvolvimento de fungos.

As micotoxinas são uma ameaça persistente para a saúde humana e animal. Embora o milho comercial seja analisado para contaminação, os sistemas de segurança alimentar geralmente não são tão rigorosos, resultando na exposição significativa aos efeitos tóxicos e cancerígenos. Vários estudos têm demonstrado que a contaminação por micotoxinas está associada ao aumento da taxa de cancro de fígado, por exemplo.

A meta-análise italiana também marca o que poderia ser um capítulo final noutra faceta do debate sobre o uso de transgénicos na agricultura.

O argumento de que as culturas transgénicas não resultam em aumentos de rendimento recebeu atenção proeminente depois de ter sido publicada uma grande reportagem sobre o assunto que fez capa no New York Times.

O artigo citava um relatório das Academias Nacionais de Ciências dos EUA e afirmava que "existiam poucas provas" de que a introdução de culturas geneticamente modificadas nos Estados Unidos produzisse lucros além dos observados em culturas convencionais.

No entanto, as informações tinham sido tiradas do contexto. O relatório americano apenas afirmava o óbvio: nenhuma cultura transgénica foi projetada especificamente para aumentar os rendimentos, mas sim para combater as perdas de ervas daninhas e insetos, o que, aliás, teve um impacto positivo óbvio na rentabilidade das culturas.

A notícia do New York Times também deixou de fora a informação de que o rendimento e os ganhos de lucro foram maiores nos países em desenvolvimento.

Uma revisão feita em 2015 pela PG Economics descobriu que as culturas transgénicas proporcionaram benefícios económicos de 133,4 mil milhões de dólares (108,2 mil milhões de euros) entre 1996 a 2013, com cerca de metade dos ganhos a pertencer a agricultores de países em desenvolvimento.

De acordo com o estudo italiano, mais de 53 milhões de hectares de milho geneticamente modificado foram cultivados em 2015, representando quase um terço da área global de milho plantado. Os Estados Unidos lideram a produção em 33 milhões de hectares, com o Brasil, a Argentina e o Canadá a seguirem as pisadas.

Enquanto os aumentos de rendimentos foram mais modestos em países desenvolvidos onde as condições de crescimento são piores, o aumento do cultivo de milho transgénico nos países em desenvolvimento pode proporcionar aos agricultores e consumidores benefícios substanciais para a saúde e economia, conclui a meta-análise italiana.

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