Lacticínios: Explorações estão concentradas no Norte
O leite é um alimento essencial, nutritivo e muito presente na
alimentação diária dos portugueses. Os produtores nacionais garantem
cerca de um milhão e 800 mil toneladas por ano para poder abastecer o
mercado interno, mas sentem-se pressionados pela concorrência dos
lacticínios estrangeiros.
14 Julho 2011Nº de votos (0) Comentários (1)
Por:Manuela Teixeira
A maioria das explorações agrícolas está concentrada no Norte do País,
nas zonas rurais dos distritos do Porto, Braga e Aveiro. São mais de
oito mil produtores que vendem o leite directamente às grandes
cooperativas, hoje transformadas em grandes empresas de lacticínios.
Juntos representam um volume de negócio na ordem de 1,3 mil milhões de
euros.
Contudo, o sector está a sofrer com a crise económica e teme não
resistir à recessão. A importação de produtos lácteos aumentou cerca
de 33% nos últimos anos, o que também não ajuda ao escoamento do leite
nacional.
"A distribuição tem desinvestido nos produtos nacionais e importa
leite de países como a França, a Espanha ou a Polónia", diz Fernando
Cardoso, dirigente da Federação Nacional das Cooperativas de
Produtores de Leite (FENALAC).
Mas os produtores não baixam os braços. Para promover o leite nacional
defendem o regime de quotas leiteiras, a criação de mecanismos de
estimulação do sector, apoios de fundos comunitários e campanhas de
promoção.
Por outro lado, salientam que o investimento nas vacarias é grande,
desde as novas tecnologias exigidas pelas regras e normas de qualidade
europeias até às básicas rações para os animais.
Apesar da crise, os produtores garantem que o leite nacional é um dos
melhores do Mundo. Isto porque Portugal tem um clima favorável ao
desenvolvimento das vacas leiteiras.
Quer nas pastagens quer nas vacarias mais fechadas, as vacas e o que
elas produzem são o sustento de milhares de famílias. Muitas das
explorações agrícolas passam de geração em geração. E mesmo em crise,
os mais novos recusam abandonar o sector da produção.
O leite de vaca é o que tem maior consumo em Portugal, sobretudo para
beber, mas há ainda a referir o leite de cabra e de ovelha, que é mais
usado na produção de variados tipos de queijos.
DISCURSO DIRECTO
"AUTORIDADE DEVE FISCALIZAR IMPORTAÇÕES", Fernando Cardoso, Sec. Geral
da Fenalac
CM – O sector da produção de leite está em crise?
Fernando Cardoso – Está a viver dias muito complicados porque não
conseguimos travar a importação de produtos lácteos. Está a aumentar
de dia para dia porque conseguem vender mais barato. Não sei como, mas
conseguem.
– E como pode resistir?
– O sector do leite precisa de ajuda. Acho que autoridade da
concorrência devia fiscalizar mais importações. O desbloqueio de
apoios comunitários daria uma grande ajuda.
– Tem expectativas com a política da nova ministra da Agricultura?
– Temos sempre. Temos sobretudo muita esperança, vontade trabalhar e
de resistir à crise. Os produtores são unidos para o melhor e para o
pior.
MÁQUINA PARA ORDENHAR VACAS
Longe vão os tempos da ordenha manual. As normas de higiene, segurança
e qualidade exigem o trabalho das máquinas de ordenha mecânica. Cada
equipamento custa cerca de 120 mil euros. O investimento compensa
também pela sua utilidade. As vacas vão sozinhas à ordenha e aderem
facilmente à tetina mecânica. Antes da ordenha, a máquina desinfecta
as tetas da vaca e após a recolha também as lava. Identifica as vacas
e a hora de recolher o leite. Se não for o caso, não trabalha.
FAMÍLIA APOSTA EM QUALIDADE
Eduardo Soares herdou do pai a exploração agrícola Vale do Leandro, na
Maia. Um negócio familiar que já vai na terceira geração. Eduardo e o
irmão apostam forte na produtividade das 250 vacas que têm na vacaria,
das quais 110 são leiteiras. O rendimento anual desta exploração de
média dimensão chega para o sustento das famílias, mas os dois irmãos
também estão apreensivos com a crise no sector. "Manter os níveis de
qualidade é o mais importante para enfrentar a crise e a concorrência
estrangeira", disse Eduardo ao CM. Na vacaria, não se descuida o
tratamento das vacas, desde a escova anti-stress aos passeios pelo
campo e limpeza.
As vacas do Vale do Leandro também gostam de música mas não muito
agressiva. "É muito relaxante para as vacas leiteiras, que sofrem
muito de stress. Qualquer ruído as incomoda e pode prejudicar a
produção do leite. A música habitua-as a não estranhar tanto algum
barulho não habitual", explica Eduardo Soares. O orgulho nos animais
que trata vai ainda mais longe. Eduardo leva a concursos de beleza e
de qualidade as melhores vacas que tem e até já ganhou vários prémios.
No próximo fim--de-semana, dez vacas da quinta do Vale do Leandro vão
entrar no concursos anual de beleza bovina que se realiza em S. Pedro
de Rates, na Póvoa de Varzim. A vaca Fiona é a vedeta do grupo.
http://www.cmjornal.xl.pt/noticia.aspx?contentID=D084EF35-0445-45D4-A0E1-8B019191C0D2&channelID=00000011-0000-0000-0000-000000000011
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