domingo, 9 de março de 2014

Comunicado das mulheres da Coordenadora Europeia Via Campesina por ocasião do 8 de Março de 2014



Neste ano de 2014, declarado Ano Internacional da Agricultura Familiar pela ONU, as mulheres das organizações membro da Coordenadora Europeia Via Campesina reunidas em Evenstad (Noruega), no Dia Internacional da Mulher, queremos manifestar o nosso firme compromisso a favor do direito a uma Alimentação Saudável, em quantidade e de qualidade para todos os cidadãos, no âmbito de um modelo de produção e distribuição agroecológico e social.

Queremos que seja garantido o direito das camponesas à participação em igualdade dentro deste modelo, que seja garantido o nosso reconhecimento legal como produtoras de alimentos, o nosso acesso à terra, às sementes e demais recursos.

Milhares de camponesas em toda a Europa e à escala mundial trabalhamos em projectos de agricultura de pequena escala que constituem a base de sistemas alimentares ricos e diversificados, somos guardiãs históricas de conhecimentos e de biodiversidade e asseguramos a conservação do território e de um mundo rural vivo.

Condenamos, por isso, as agressões às comunidades rurais, e em particular às mulheres, pelas políticas neoliberais que emanam da Organização Mundial do Comércio, do Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial e dos Tratados de Livre Comércio, como o que está a ser negociado neste momento com os Estados Unidos, sendo causador de migrações forçosas e, inclusivamente, de numerosas mortes de seres humanos que tentam escapar a situações de pobreza.

Outro modelo de produção de alimentos, no quadro da Soberania Alimentar, é imprescindível para uma transformação radical da sociedade, num processo em que valores como a igualdade e os direitos humanos prevaleçam sobre os interesses do capital e as políticas capitalistas e patriarcais.

Uma Europa mais igualitária, mais justa, só pode ser conseguida se as mulheres estiverem presentes nos espaços de tomada de decisão.

Queremos manifestar igualmente a nossa rejeição de todo o tipo de políticas discriminatórias e, especialmente, desejamos expressar o nosso apoio às mulheres que em diferentes países europeus se estão a mobilizar em defesa dos direitos sexuais e reprodutivos e, em definitivo, para que nós mulheres tenhamos o direito a decidir sobre os nossos corpos e as nossas vidas.

Neste 8 de Março defendamos na rua os nossos direitos como mulheres e como camponesas.

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