quinta-feira, 6 de março de 2014

Ser agricultor não basta. Também é preciso ser-se empresário.

-> Publicado a 5 de Março de 2014 .

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Apostar na agricultura, mas de forma organizada e com conhecimentos
das boas práticas, para que esta actividade não se transforme em
desilusão foi um dos conselhos deixados aos jovens agricultores pelos
especialistas que participaram, na noite de 22 de Fevereiro, num
debate no Landal, que contou com a participação do secretário de
Estado da Alimentação e da Investigação Agroalimentar, Nuno Brito.
O sector primário está actualmente a passar por uma "profunda
reestruturação". A afirmação foi do secretário de Estado da
Alimentação e da Investigação Agroalimentar, Nuno Brito, que destacou
que a agricultura de subsistência está a ser substituída por fileiras
mais produtivas e competitivas, como é o caso da fruta, do vinho, dos
hortícolas e das flores.
"Deixámos de ser todos agricultores para passarmos a ser empresários
agrícolas, em que tem que haver uma aposta desde a produção à venda,
passando pelo marketing", disse, dando nota dos apoios comunitários
que existem para apoio neste sector.
De acordo com Nuno Brito, o novo quadro comunitário irá estimular a
inovação ao nível da criação de novos produtos e a sua transformação.
E deu um exemplo prático: Portugal é um dos países auto suficientes
na produção de leite, mas é um grande importador de iogurtes, pelo que
é preciso inverter esta tendência.
Outra das apostas que tem que ser feita é na internacionalização. "O
mercado nacional é pequeno, temos que olhar para o aumento de
competitividade além das nossas fronteiras", salientou o governante,
defendendo um olhar especial para as economias emergentes,
nomeadamente o Brasil e Angola, para onde tem crescido as exportações
de azeite e vinho, respectivamente.
De acordo com o engenheiro agrónomo e consultor José Martino "a
agricultura está na moda porque estamos em crise e também porque nos
últimos anos os agricultores passaram a saber quando podem receber as
ajudas e isso dá-lhes confiança".
O orador incentivou os jovens agricultores a apostar na produção de
pequenos frutos (morangos, mirtilos, amoras, kiwis) e nas plantas
aromáticas, onde o "potencial de ganhar dinheiro é maior". Até porque,
alertou, actualmente, e salvo algumas excepções, perde-se dinheiro com
a agricultura pois esta assenta num modelo de desenvolvimento
económico errado.
José Martino considera que o desafio que se coloca actualmente aos
agricultores é que estes percebam que têm que dar o salto para serem
empresários agrícolas, tornando-se mais organizados e "curiosos",
tentando aprofundar ao máximo o conhecimento no negócio que possuem.
VOCAÇÃO E CONHECIMENTOS
"A agricultura é uma actividade difícil e se não tivermos vocação e
conhecimentos, a moda dá lugar à desilusão", disse, incentivando os
jovens a apostar na área, mas de forma organizada.
O empresário agrícola e gestor da empresa Frutas Classe, Sérgio
Constantino, partilhou a sua experiência, sobretudo na produção de
morangos, desde 2005. Antes a actividade desta empresa familiar
destinava-se essencialmente à produção de fruticultura.
A opção pelos morangos foi acompanhada pela escolha do local onde iam
produzir, que recaiu sobre o Bouro (nas Caldas da Rainha), na zona
Oeste, que é considerada, a par com a Califórnia, dos melhores locais
no mundo para a produção destes frutos.
Antes de investir, os empresários fizeram "o trabalho de casa", com
diversas visitas a explorações agrícolas na Europa. "As nossas
dificuldades foram sempre a escala", disse o empresário, adiantando
que ter uma maior capacidade de oferta implica sempre um maior
investimento.
Esta iniciativa, organizada pela comissão politica da JP concelhia das
Caldas da Rainha, pretendeu esclarecer os jovens sobre as
potencialidades da agricultura e quais os riscos e apoios com que os
jovens devem contar quando escolhem esta profissão.
Fátima Ferreira
fferreira@gazetacaldas.com

http://www.gazetacaldas.com/38044/ser-agricultor-nao-basta-tambem-e-preciso-ser-se-empresario/

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