segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Produção de vinho depende de São Pedro

09.09.2014  14:00

Já é certo que a produção de vinho será menor, resta saber que qualidade haverá na altura da lavagem dos cestos.
Por mais ciência que se meta na agricultura, os viticultores continuam dependentes da natureza. Durante meses, preparam a terra, podam, amarram, tratam, mondam e desbastam os cachos em excesso. Fazem tudo direitinho. A dada altura, só lhes resta esperar, impotentes, que a chuva não caia do céu aos trambolhões. Uma semana de chuva (por vezes dois ou três dias) pode deitar por terra o trabalho de um ano.

Nesta segunda semana de setembro, os viticultores acima do Tejo andam com o coração nas mãos. Se a chuva for passageira, a vindima de 2014 pode ser de grande qualidade; se persistir, o mais provável é termos excelentes vinhos brancos no Alentejo, no Tejo, em Lisboa e na Península de Setúbal e tintos irregulares em quase todas as regiões, sendo certo que, em matéria de quantidade, haverá menos vinho do que em 2013.

O Instituto da Vinha e do Vinho prevê uma quebra de produção de 5,7%, mas em cada região a situação é variável. Se o Dão pode registar quebras de 25%, na Península de Setúbal os crescimentos poderão ser de 20%.

De acordo com Dora Simões, presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, a campanha de 2014 será a mesma que se registou em 2013, à volta dos 105 milhões de litros. Já Duarte Leal da Costa, da casa Ervideira, desconfia dessa previsão e diz mesmo "que há produtores com receio de assumirem quebras de produção. Eu tenho menos vinho e assumo isso, assim como digo que dá muito gosto entrar na adega. Os mostos estão muito perfumados".

No Minho, Anselmo Mendes, conhecido como 'o Srº Alvarinho', disse ao CM que esta será "uma vindima durinha. O Alvarinho é uma casta resistente e o Loureiro está bem nos produtores que trataram atempadamente contra a traça, mas quanto às outras não se pode garantir nada".

No Dão, na Bairrada e no Douro o cenário é mais ou menos o mesmo. Toda a gente sabe que a vindima será complicada, eventualmente excelente, possivelmente desequilibrada. Aqui como no futebol, prognósticos, só lá para os finais de setembro.

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