segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Nuvens negras sobre a produção de leite em Portugal (comunicado)

APROLEP

Dezembro 30
09:21
2014

Milhares de produtores de leite em Portugal foram surpreendidos com uma prenda amarga, poucos dias antes do Natal: a comunicação da baixa de 3 cêntimos por litro de leite pago ao produtor, a partir de 1 de Janeiro de 2015. Para a maioria dos produtores, isto representará uma descida de 6 cêntimos / litro no prazo de 8 meses. Para alguns, serão 8 cêntimos. Com esta baixa de quase 10%, a esmagadora maioria da produção irá ficar no limiar da rentabilidade e naturalmente aqueles que mais investiram nos últimos anos terão dificuldade em manter os compromissos assumidos.

Esta baixa de preço, que ocorre quando estamos ainda a três meses do final do regime de quotas leiteiras, representa uma enorme nuvem negra sobre a produção do leite português. É público que o mercado europeu de leite regista dificuldades devido ao embargo russo e à redução de importações por parte da China. Por isso, na nossa opinião, os líderes europeus devem analisar cuidadosamente a evolução do mercado pós-quotas e implementar outras medidas além dos "contratos" e "organizações de produtores" propostas no "pacote do leite", que se apresentam claramente insuficientes.

Não podemos deixar de sublinhar e lamentar que o preço do leite em Portugal, que permaneceu abaixo da média comunitária desde abril de 2010 e não acompanhou os preços altos registados no norte e centro da Europa, acompanhe agora a tendência de descida. Tínhamos a expectativa que a indústria de lacticínios e a distribuição, afirmando-se defensoras da produção nacional, aproveitassem a oportunidade para corrigir essa injustiça contendo esta descida acentuada de preço.

Para além da descida agora anunciada, permanece nos produtores uma enorme incerteza sobre as perspetivas de mercado e preços para os próximos meses, que exige dos principais atores da fileira uma maior transparência, comunicação atempada e solidariedade na partilha de lucros e sacrifícios entre produtores, cooperativas, indústria e distribuição.

É importante apelar ao sentido patriótico dos industriais e distribuidores. Reiteramos que a fileira do leite em Portugal apenas terá futuro se mantiver o grau de autoaprovisionamento de leite produzido por produtores nacionais. De outra forma a competitividade da indústria e distribuição será apenas momentânea e efémera.

29 de Dezembro de 2014


Sem comentários:

Enviar um comentário