terça-feira, 19 de maio de 2015

Alimentos florestais podem ajudar a solucionar o problema da fome mundial


Cerca de uma em cada nove pessoas do mundo passa fome, a maioria a viver em África ou Ásia. As florestas do mundo têm um grande potencial para melhorar e garantir a nutrição e o sustento destas pessoas. Inclusive, as florestas podem ser essenciais para garantir a segurança alimentar global, particularmente quando se considera a importância de uma dieta equilibrada diversificada e nutritiva.
As florestas são importantes para proteger a biodiversidade e para suavizar os efeitos das mudanças climáticas. Isso já é bem conhecido. No entanto, a contribuição que podem dar para aliviar a fome e melhorar a nutrição tem, de alguma forma, sido negligenciada. Um estudo recente do Global Forest Export Panel on Forests e Food Security mostra como as florestas e as árvores podem complementar a produção agrícola e impulsionar a economia das regiões mais vulneráveis do mundo.
As árvores alimentares são ricas em vitaminas, proteínas e outros nutrientes e são associadas a dietas mais variadas. Por exemplo, o ferro encontrado em sementes secas da alfarroba e castanhas é comparado, ou até maior que o encontrado em carne de frango. Árvores em jardins caseiros, encontradas em África e na Ásia, aumentam o consumo de frutas e vegetais.
A carne de animais selvagens, peixe e insectos também são importantes fontes alimentares da floresta. Insectos são especialmente baratos e fontes abundantes de proteína e gordura. Lagartas são óptimas fontes para vitaminas e minerais. No sudeste da Ásia, em particular, muitas florestas e agroflorestas (quintas de árvores) são mantidas por comunidades locais que melhoram a produção de insectos comestíveis, como a manutenção de palmas sagu na Papua Nova Guiné e na Indonésia Oriental para auxiliar na produção de larvas.
As florestas também são fontes essenciais de lenha e carvão. Em países em desenvolvimento, 2,4 mil milhões de pessoas ainda usam lenha como combustível para cozinhar e se aquecer. Na Índia e no Nepal, mesmo as melhores casas dependem deles. O preço volátil e muitas vezes alto de outras fontes de energia mostra que essa situação talvez dure algum tempo. O acesso a combustíveis para cozinhar trariam uma maior flexibilidade ao cardápio das pessoas, incluindo alimentos mais nutritivos que precisam de mais energia para cozinhar.
As árvores oferecem serviços ecológicos. Por exemplo, auxiliam abelhas e outros polinizadores, que são essenciais para a produção de colheitas. Também geram alimento para animais que permitem às comunidades produzir carne e leite, além de proteger o habitat de peixes, como córregos e bacias hidrográficas.

Cerca de uma em cada seis pessoas usa directamente as florestas como fonte de rendimento e alimentação, e é importante reconhecer os diretos das pessoas locais a estas opções de sustento. No Sahel, por exemplo, árvores podem contribuir em até 80% do rendimento familiar, especialmente pela produção de karité.
Iniciativas inovadoras tentam desenvolver novas árvores para que os mais pobres possam conseguir fontes de rendimentos sustentáveis. Por exemplo: produtores pobres da Tanzânia comprometeram-se a um esforço global para produzir sementes de Allanblackia, que carregam em si um óleo comestível. A parceria público-privada conhecida como Novella Africa desenvolve um negócio sustentável do óleo de Allanblackia que pode valer milhares de dólares anualmente aos agricultores locais.

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