sexta-feira, 20 de maio de 2016

Cientistas podem ter solucionado um dos grandes problemas para combater a fome no mundo


O planeta Terra está condenado com o aumento rápido da população global e quantidade limitada de terras agrícolas para produzir comida para todo mundo. Isso significa que precisamos de descobrir como maximizar o que temos – e cientistas deram um passo importante em direcção a aproveitar ao máximo as nossas colheitas.
Biólogos do Laboratório Cold Spring Harbor (CHSL na sigla em inglês) em Nova Iorque, EUA, desenvolveram uma nova técnica agrícola que dizem que aumenta os rendimentos da colheita em incríveis 50%. A chave, dizem, está em descobrir como usar uma mutação genética existente que está a criar algumas espigas de milho bastante estranhas.
Cientistas há tempos suspeitam da existência de uma mutação genética que age como um conjunto de travões numa planta de milho em crescimento que faz uma espiga parar de crescer antes de ficar demasiado grande. Como destacado num artigo publicado na Nature Genetics, os pesquisadores finalmente identificaram essa mutação. E o mais animador é que eles já sabem como usá-la.
A equipa foi capaz de identificar plantas com a mutação fea3 que essencialmente remove os travões que param o crescimento da espiga de milho. Os resultados, no entanto, não são como se deve esperar. Em vez de espigas de milho gigantes, eles descobriram que as plantas com a mutação produzem pequenas espigas deformadas.
«As plantas produzem demasiadas células estaminais, e estas dão origem a muitas novas sementes – sementes que a planta não consegue suportar com os recursos disponíveis (luz, humidade, nutrientes)», explicou o pesquisador David Jackson, que liderou o estudo, em comunicado. Enquanto muitos grãos começaram a formar-se inicialmente nas espigas com mutação fea3, o crescimento inicial fez a planta ficar tão pesada que ela entrou em colapso sob o seu próprio peso. No final, as espigas eram menores, e tinham menos grãos totalmente desenvolvidos do que as espigas sem mutação.
Ainda assim, entender o funcionamento da mutação foi o suficiente para dar uma ideia aos pesquisadores: talvez uma versão muito mais modificada da mutação poderia render mais grãos de milho, mas não mais o suficiente para matar a espiga.
Os investigadores imediatamente oram capazes de gerar uma versão mais fraca da mesma mutação fea3 – e descobriram que não apenas as espigas sobreviveram como também eram consideravelmente maiores do que as normais. As espigas eram tão maiores que os pesquisadores estimam que, em média, uma espiga de milho com a mutação fraca desenvolvia até 50% mais grãos de milho (sem outras mudanças no processo de crescimento) do que o visto anteriormente.
As consequências dessa pesquisa são muito maiores do que um pouco de milho extra, no entanto. Mutações parecidas, que «quebram» o travão do crescimento, já foram detectadas na maioria das outras culturas básicas do mundo. Isso sugere que um processo semelhante pode funcionar para aumentar outras colheitas.
«Se o aumento na produção que vimos nos nossos laboratórios puder ser usada noutras culturas agrícolas, isso pode dar-nos um aumento significativo na produção global, aumentando a sustentabilidade agrícola ao exigir menos terra para a agricultura», explicou Jackson ao Gizmodo. «A mesma abordagem também pode beneficiar agricultores de países em desenvolvimento que cultivam uma grande variedade de plantas.»
Se funcionar, isso pode dar-se uma forma de alimentar muito mais gente no mundo sem a necessidade de novas terras para cultivo.

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