segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Agricultores do nordeste algarvio defendem nova barragem



A ponte sobre o rio Mourinho junto a Santa Susana voltou a estar visível18 anos depois devido à seca e à descida do nível da água Alcácer do Sal 23 de novembro de 2017. Os agricultores do distrito de Setúbal acreditam que a solução para os períodos de seca no sul do país passa pela gestão da água em alta pelo Estado e pela construção da barragem do Pisão no distrito de Portalegre

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Os agricultores do nordeste algarvio, no distrito de Faro, defendem a construção de uma barragem para solucionar os longos períodos de seca que estão a afetar a agricultura e a condicionar novos investimentos em culturas de regadio.

"Estamos numa situação de seca severa, sem água para as culturas e sem pastagens para os animais, daí a necessidade da construção de uma barragem com ligação à de Odeleite e que, além de servir para o consumo humano, daria a possibilidade aos agricultores de fazerem regadio", disse à agência Lusa Valter Luz, vice-presidente da Cumeadas - Associação de Produtores do Nordeste Algarvio.

Nos concelhos de Alcoutim e de Castro Marim, os efeitos da seca são visíveis nas culturas e na alimentação para os animais. A ausência de vegetação estende-se por vários quilómetros.

"A construção de uma barragem é a melhor solução. As ribeiras e as pequenas charcas que foram feitas estão secas e, neste momento, as pessoas não têm alimento nem água para os animais e até as culturas de sequeiro estão em risco", alertou o representante da associação.

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Para combater os impactos da seca, o Governo alargou aos dois concelhos as Medidas Seca 2017, que preveem apoios para o transporte, captação e armazenamento de água.

Segundo os agricultores, as medidas não resolvem o problema, "apenas minimizam uma situação que é recorrente há vários anos".

No entender de Valter Luz, o nordeste algarvio tem sido esquecido ao longo dos anos e é preciso mais "vontade política para olhar para o problema dos agricultores e mudar as coisas, sob pena de a zona se converter num deserto".

"Este ano, o problema atingiu o seu ponto mais grave, problema esse que se tem agravado desde 2013", frisou o representante, acrescentando que "os responsáveis políticos têm de olhar para a zona com perspetiva de futuro e dar garantias às pessoas de que podem fazer agricultura, com água".

Celso Teixeira, apicultor e detentor de cerca de 100 cabeças de gado, referiu que a seca atingiu este ano o seu ponto mais alto, "verificando-se uma grande dificuldade em encontrar alimentação para os animais, devido à ausência de vegetação para o gado e de floração para alimentar as abelhas".

"Devido à ausência de pastagens, o gado tem de ser alimentado com palha e ração, o que se torna muito mais dispendioso", referiu, acrescentando que a falta de água nos aquíferos "impede também de ter pequenas zonas de regadio" onde se possa manter o gado.

Celso Teixeira recordou que, noutros anos, a ribeira do Vascão, um dos maiores afluentes do rio Guadiana, já estaria a correr por si própria nesta altura, dando de beber aos animais. Porém, este ano está "completamente seca desde o verão".

Para o presidente da Câmara de Alcoutim, Osvaldo Gonçalves, a construção de uma barragem é a melhor solução para resolver o problema de falta de água, porque a seca deste ano tornou mais evidente as fragilidades agrícolas do concelho, com "vários os setores económicos da região" afetados.

"Até os exploradores de zonas turísticas de caça cinegética estão a dar água aos animais, alimentando as charcas com recurso a autotanques, à semelhança do que se está a fazer em Viseu", indicou o autarca.

Na sua opinião, o problema pode ser um mal que tenha vindo por bem, já que serviu para que o potencial da zona interior para combater a seca ficasse mais evidente.

"No fundo o interior tem uma área significativa, com bons afluentes com caudais de água significativos, nomeadamente as ribeiras do Vascão e da Foupana, e que servirão certamente para fazer obras de retenção de água e resolver o problema da seca no interior e algum perímetro de rega", destacou, referindo que "o nordeste é um contribuinte para a água que se gasta no Algarve e tem zero de perímetro de rega".

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