segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Apetite global por chocolate reduz estimativa de excedente de cacau

O mundo não consegue saciar a sua fome de chocolate. E o cacau é um dos principais beneficiados, pois vê assim diminuir o actual excedente mundial da oferta.


26 de novembro de 2017 às 11:19

A "enorme" procura nos mercados emergentes deve prosseguir na actual temporada e o terceiro maior processador mundial de cacau estima uma forte redução do excedente global. Com efeito, de acordo com Gerry Manley, director do departamento de cacau da Olam International, o excedente desta matéria-prima agrícola, que atingiu um recorde na temporada passada, provavelmente cairá para cerca de 50.000 toneladas.
 
A procura aumentou particularmente na Ásia, onde países como Filipinas, Indonésia, Índia e China estão a consumir mais cacau em pó, usado em produtos como biscoitos e gelados, disse Manley. E embora os agricultores na África Ocidental talvez tenham safras excepcionais pelo segundo ano consecutivo, é pouco provável que o maior produtor, a Costa do Marfim, repita a safra recorde da temporada passada.
 
"Estamos muito optimistas em relação à procura", disse Manley, em entrevista no escritório da empresa, em Londres, na passada quinta-feira. "Estamos a observar uma boa procura por cacau em pó em todo o mundo, mas os mercados emergentes estão à frente".
 
Os futuros de referência do cacau em Londres caíram 23% no ano passado, o maior declínio desde 2011, porque a produção bateu um recorde na Costa do Marfim e porque o Gana, segundo maior produtor, também colheu uma safra volumosa. As safras abundantes em África contribuíram para aumentar o excedente global a 371.000 toneladas, segundo estimativas da International Cocoa Organization, com sede em Abidjan.
 
Nesta temporada, o processamento global de cacau provavelmente aumentará mais de 3%, afirmou Manley, acrescentando que esta projecção é conservadora. O processamento cresceu mais de 5% na temporada de 2016-2017. Cerca de 8.000 produtos novos foram lançados no mercado de confeitaria no ano passado, sublinhou Manley.
 
Os custos mais baixos estão a estimular a procura e o mercado global de doçaria com chocolate expandiu-se 2,3% no período de três meses terminado em Junho e 2,2% no trimestre seguinte, afirmou o maior processador de cacau do mundo, a Barry Callebaut, citando dados da empresa de análise Nielsen. A recuperação chegou após pelo menos seis trimestres consecutivos de contracção.
 
Especulação
 
O segundo ano consecutivo de excedente irá provavelmente manter o cacau dentro de uma faixa de preços, mas determinados eventos macroeconómicos poderão obrigar os especuladores a cobrirem as suas posições vendidas. Os especuladores têm vindo a apostar, no último ano, numa queda dos preços do cacau em Londres, segundo os dados da bolsa ICE Futures Europe.
 
"Desde o começo de 2017, observamos uma correlação muito mais forte entre as posições vendidas brutas no cacau e no complexo agrícola geral, especialmente nas commodities agrícolas", comentou Charles Leslie, trader da Olam em Londres, na mesma entrevista. "Há uma influência macroeconómica muito maior sobre o cacau, e ela é provavelmente o maior risco para a alta".

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