sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

IPMA: Temperatura não justifica tudo nos incêndios de 15 de Outubro

06.12.2017 10:34 por Alexandra Pedro 3

Paulo Pinto diz que nunca viu imagens como aquelas que surgiram no radar a 15 de Outubro. Meteorologista diz que há dúvidas pendentes.
 
 
Para o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) ainda há dúvidas respeitantes aos incêndios de 15 de Outubro, depois de ter feito uma primeira análise ao que aconteceu. Paulo Pinto, especialista da Divisão de Previsão Meteorológica, Vigilância e Serviços Espaciais do IPMA, diz à TSF que apesar da sua experiência ainda não conseguiu entender o que aconteceu nos últimos incêndios. 

"Já olhei algumas horas para estes dados e não há nenhuma evidência observacional que me sugira algo do tipo de Pedrógão [Grande]. Pelo contrário, não vejo aqui nada desse tipo de fenómenos, como downburst. Nem sequer consigo perceber ainda muito bem porque se assistiu a esta intensificação", afirmou Paulo Pinto, referindo-se às dezenas de incêndios que surgiram ao início da tarde.

O especialista do IPMA acrescenta ainda que perto da meia-noite de domingo há uma pluma com "quatro, cinco metros de altura" e que "por razões desconhecidas" há uma intensificação da mesma e "na sequência dessa intensificação é que se gerou o pirocumulonimbo" (tempestade provocada pelo próprio incêndio).  

Paulo Pinto esclarece também que o calor, a seca e a secura da massa de ar, bem como o vento do furacão Ophelia, podem ajudar a explicar o que aconteceu naquele dia, mas que não explicam tudo. "Foi uma situação muito invulgar", disse, acrescentando: "as condições meteorológicas podem servir para explicar parte daquilo que ocorre, mas não são tudo". 

Recorde-se que os incêndios de 15 de Outubro, que atingiram 27 concelhos da região Centro, vitimaram mortalmente 45 pessoas e provocaram cerca de 70 feridos.

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