sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Seca: Agricultores de Leiria querem declaração de calamidade pública

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O presidente da Federação de Agricultores do Distrito de Leiria deixou
hoje um alerta: a seca está "a arrasar os pastos e as culturas da
região" e defendeu a declaração de calamidade pública.
"A situação é péssima em todo o distrito", disse António Ferraria à
Lusa. "O trigo, a aveia e o trevo não conseguem vingar com a falta de
água e com o frio e a geada", explicou, defendendo que o Governo
deveria pedir à União Europeia a declaração de calamidade pública.
O presidente da Federação de Agricultores do Distrito de Leiria (FADL)
adiantou que a ausência de pasto está a ter impacto nos custos de
produção, uma vez que "as pessoas já estão a alimentar os animais com
fenos e palhas que estavam guardadas para o próximo ano e a utilizar
mais ração".
Uma situação preocupante, "porque a maior parte da palha já vem de
fora: agora tem que se importar mais e o custo de produção vai ser
muito difícil de suportar", disse.

A seca está "a atingir fortemente culturas como os pomares, que podem
ser encontrados em zonas como Porto de Mós, Leiria e na zona Oeste",
mas também os produtos hortícolas, com especial incidência no Vale do
Lis, que ocupa um território entre Leiria e Marinha Grande.
O próprio presidente da Associação de Regantes e Beneficiários do Vale
do Lis (ARBVL), Uziel Carvalho, disse à Lusa que, naquela zona, entre
30 a 40 por cento das culturas forrageiras - o pasto que serve para
alimentar os animais - "estão comprometidas devido à seca".
Por outro lado, Uziel Carvalho frisou que, ao contrário de outros
anos, a ARBVL já está "a fornecer água a alguns agricultores, algo que
[habitualmente] só acontece em meados de abril, às vezes em maio".
O responsável acrescentou que há registo de temperaturas de sete graus
negativos no Vale do Lis. "Eu, que sou agricultor há mais de 30 anos,
não tenho memória de tal coisa, sobretudo associado à seca", afirmou o
presidente da ARBVL, entidade que possui mais de 3.000 associados,
entre os quais se contam cerca de 150 agricultores profissionais.
Sobre a situação registada no Vale do Lis, António Ferraria alertou
para as culturas que ali têm forte presença, como o milho, que poderão
estar também em perigo, "caso continue sem chover". A FADL, afeta à
Confederação Nacional de Agricultores, possui 2.000 mil associados no
distrito de Leiria.
Mais a norte, o presidente da Associação Nacional de Criadores de
Ovinos da Serra da Estrela (ANCOSE), Manuel Marques, também já alertou
que a falta de chuva está a ser "quase uma calamidade" para os
pastores da região.
A Câmara de Beja (PS) veio também defender hoje ser "imperioso e
urgente" o Governo tomar medidas para minimizar "os efeitos nefastos"
da seca na região, como um programa financeiro de apoio aos
agricultores mais afetados.
A tomada de posição do município, aprovada, por unanimidade, na última
reunião de câmara, foi hoje enviada à agência Lusa e vai ser remetida
ao Governo, à Assembleia da República e ao Presidente da República.
O município justifica a posição referindo que a situação de seca
"extrema e severa" que afeta a região "agrava, significativa e
preocupantemente, as já de si difíceis condições de trabalho e de vida
dos agricultores, com repercussões negativas em todo o tecido
socioeconómico".
No início da semana, a ministra da Agricultura disse ter "fé" que
chova nas próximas semanas e assim diminuam os efeitos da seca,
acrescentando que, porém, o Governo já está a fazer "um levantamento"
do impacto do problema para acionar ajuda europeia.
"Sem termos um levantamento detalhado e objetivo das várias situações
que estão a ser vividas, não conseguimos acionar mecanismos europeus
nessa matéria", disse Assunção Cristas na comissão parlamentar de
Agricultura, em resposta a questões dos deputados, que quiseram saber
o que está a fazer o Governo em relação ao impacto da falta de chuva
no setor agrícola.
Uma "task force" governamental, como lhe chamou a ministra, que
integra diversos organismos oficiais, que estão por sua vez em
contacto com as associações do setor, para "monitorizar", "sinalizar"
e "fazer a previsibilidade dos prejuízos" relacionados com os efeitos
da seca na Agricultura.
Diário Digital com Lusa
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=560005

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