segunda-feira, 30 de abril de 2012

Sr.ª ministra: a agricultura não vai lá com fé(s)

OPINIÃO

Carlos Laranjeira
A ministra anunciou 40 milhões de euros para o programa da seca. Sem
dúvida, uma gota de água que não levará a nada se não forem praticadas
medidas sérias de apoio aos agricultores.
É preciso passar à prática para que a agricultura nacional não seja
mais prejudicada com as leviandades políticas que se prendem com votos
favoráveis, com acordos comunitários, com o Mercosul, a China e
Marrocos que destroem a economia e a agricultura portuguesa só para
ficarem bem na fotografia, para depois nos caluniarem dizendo que nos
dão milhões.

Diz o Governo que se trata de uma ajuda para todo o país. Mas não
especificou. E há regiões, onde os agricultores estão cansados de
serem esquecidos e, até, mesmo prejudicados. Os produtores do Baixo
Mondego sabem do que falo. A ministra não teve o prazer, nem nos deu o
prazer de, a nós agricultores e aos municípios que a convidaram, de
vir uma única vez ao Baixo Mondego dar a cara e afirmar o que tem para
dizer em relação às obras. Continua a falar muito em agricultura, mas
esqueceu-se que o Baixo Mondego é a fábrica dos agricultores e sem
essas obras que esperam há tantos anos, eles não conseguem melhorar a
sua economia e a economia do país.
Não veio ao Mondego para ver as obras e explicar as decisões aos
agricultores. Mas veio às Gândaras para ver uma vacaria de um
sobrevivente do setor leiteiro. É preciso perceber que a vinda da
senhora ministra da Agricultura a uma vacaria onde esteve 20 minutos,
tendo entrado por um lado e saído por outro, limitando-se a 'mandar
umas bocas' à seca não resolve os graves problemas da agricultura. Uma
ministra que vai ao Alentejo a convite de uma multinacional para ver
uma máquina apanhar azeitona ou que vai à Danone, em Castelo Branco, é
nitidamente uma ministra desenquadrada da realidade nacional.
A Escola Agrária de Coimbra – também lembrada como a Escola dos
Regentes Agrícolas – assinalou recentemente, os 125 anos. É obra! Mas
ninguém do Ministério se dignou estar presente. Delegaram na senhora
diretora regional, por quem temos muito respeito e muito admiramos.
Mas consideramos que os 125 anos a construir a agricultura na
metrópole e no Ultramar português, onde ficou obra e onde ainda
repousam muitos desses homens que daqui foram, mereciam maior
consideração, reconhecimento e gratidão. Cerca de 400 pessoas marcaram
presença. Mas muitos, infelizmente, já não estiveram.
Será que temos Ministério da Agricultura? A mim e aos agricultores que
represento, parece-me que não! Afinal, todos os convites que temos
feito à senhora ministra são remetidos para o gabinete do senhor
secretário de Estado. É preciso não esquecer que a senhora ministra
convoca uma reunião para falar de seca e vai para Angola.
A realidade que vivem os agricultores portugueses não é coisa que os
'computodependentes' saibam ou, mesmo, entendam. A agricultura não é
uma ciência certa onde nem sempre 3×9 são 27. Por vezes, 3×9 é nada.
Espero que a senhora ministra não venha invocar a sua fé quando
anunciar a morte da agricultura portuguesa, como fez com a seca. Deus
é grande, como diz.
Mas os agricultores portugueses precisam, e muito, da ação dos homens
(políticos) a quem cabe negociar e salvaguardar os intereses dos seus
países. Pare senhora ministra. E olhe, com olhos de ver – e de sentir
– os homens e mulheres que ainda teimam em salvar a agricultura
portuguesa.

http://www.asbeiras.pt/2012/04/sr-a-ministra-a-agricultura-nao-vai-la-com-fes/

1 comentário:

Anónimo disse...

Em 2005 quanto recebemos do Jaime Silva? Zero, uma mão cheia de demagogia! E agora esta conversa?
Os complexos de esquerda neste País ainda são grandes demais para um politico falar de fé!
O Costume....

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