ANA RUTE SILVA
07/11/2013 - 16:01
Sazonalidade explica aumento expressivo no trimestre anterior e queda
nos meses de Julho a Setembro
Entre Maio e Julho há mais emprego sazonal na agricultura RUI SOARES/ARQUIVO
No terceiro trimestre do ano, o sector da agricultura perdeu 16.500
trabalhadores. A população empregada neste sector caiu 3,4%, para um
total de 463.600 pessoas e, ao contrário do que sucedeu no trimestre
anterior, a agricultura não ajudou a levantar os números do
desemprego.
Tendo em conta os dados ontem revelados pelo INE, este sector pesa
agora 10,1% no total da população empregada, menos do que no segundo
trimestre (10,7%). Nessa altura, entre Abril e Junho – meses
importantes de colheita – dos 72.400 novos empregos criados em
Portugal, 46.200 foram na agricultura. Ou seja, valiam 63,8% dos novos
postos de trabalho. Contudo, se recuarmos a 2012, a representatividade
da agricultura na criação de emprego chegava perto dos 84% no segundo
trimestre nesse ano.
Os dados do INE mostram o comportamento sazonal deste trabalho. Quer
em 2011, quer em 2012 ou 2013, regista-se sempre um aumento do
primeiro para o segundo trimestre e uma queda do segundo para o
terceiro. Janeiro, Fevereiro e Março são os piores para o emprego no
sector, diz João Machado, presidente da Confederação dos Agricultores
de Portugal (CAP).
"Na análise dos dados, é preciso ver o que é emprego sazonal e o que é
permanente. Neste momento estamos ainda a sentir os efeitos das
vindimas, depois teremos a apanha da azeitona e no final deste mês
veremos os números a crescer. Mas depois teremos a grande quebra" no
primeiro trimestre de 2014, explica.
Os picos maiores de trabalho ocorrem entre Maio e Julho, altura da
apanha da fruta e dos hortícolas, onde ainda se recorre a muita
mão-de-obra estrangeira. Os portugueses estão a trabalhar mais nos
campos, mas esta é uma área com potencialidade para crescer, diz João
Machado. "Curiosamente, ainda há empregos que não estamos a conseguir
preencher com nacionais. Há dois anos, era impossível contratar
portugueses, agora é mais fácil, mas ainda há mão-de-obra
estrangeira", adianta.
Mais do que, directamente, as exportações – que no agro-alimentar
aumentaram 7% nos primeiros sete meses de 2013, para mais de 3,2 mil
milhões de euros – serão os investimentos do sector a contribuir para
alimentar o emprego a longo prazo. "Temos tido sempre investimentos de
mais de mil milhões de euros por ano e investimos seis mil milhões nos
últimos cinco anos. É isso que dá mais emprego, mas também mais
produtos e exportações", sublinha João Machado. A CAP acredita que,
dentro de três ou quatro anos, os efeitos no trabalho no sector irão
sentir-se não só no emprego sazonal, mas também no de carácter
permanente.
http://www.publico.pt/economia/noticia/agricultura-nao-contribuiu-para-o-aumento-do-emprego-1611699
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