segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Três em cada dez portugueses já abdicam de alimentos essenciais

Direcção-Geral da Saúde quis perceber se a crise está a alterar a
alimentação das famílias e concluiu que 28% cortam nos alimentos

Quase três em cada dez portugueses admitem já ter deixado de consumir
algum alimento considerado essencial por causa de dificuldades
económicas, revela um estudo da Direcção-Geral da Saúde (DGS). Os
dados foram recolhidos o ano passado, com o objectivo de compreender
de que forma a crise económica está a afectar a saúde e as escolhas
alimentares da população nacional.

Para isso, a DGS fez inquéritos a mais de 1200 pessoas em centros de
saúde espalhados por todo o país. E os resultados mostram que a falta
de dinheiro influencia o consumo alimentar das famílias, que nos
últimos três anos têm cortado em determinados produtos. Mais de 28%
dos agregados familiares indicaram ter alterado o consumo de algum
alimento essencial neste período devido a dificuldades económicas. Das
mais de 1200 pessoas inquiridas no âmbito do estudo "Portugal:
alimentação saudável em números 2013", quase 350 admitiram já ter
cortado em algum alimento essencial, enquanto 845 garantem não ter
deixado de comer o básico devido à falta de dinheiro ou à diminuição
de rendimentos.

Ainda segundo o estudo da DGS, menos de metade dos inquiridos em 2011
disseram sentir algum tipo de insegurança alimentar (falta de acesso a
alimentos) - com menos de 8% a indicarem uma insegurança alimentar
grave, que pode corresponder a situações de fome ou privação. Ou seja,
o número de portugueses a cortar na alimentação terá aumentado no
espaço de um ano. Apesar de a maioria dos portugueses não se queixar
da falta de dinheiro para comprar os alimentos que desejam, mais de um
quarto (26%) admite não ter acesso a todos os produtos que gostariam
de consumir.

Paulo Nogueira, da DGS, sublinhou ontem que os resultados recolhidos
no terreno mostram que factores socioeconómicos, grau de instrução e
situação de emprego parecem influenciar "fortemente" a disponibilidade
e o consumo por parte das famílias de alimentos protectores para a
saúde. Além disso, as pessoas mais obesas revelam uma maior
insegurança alimentar - oscilando entre a moderada e a grave.

O coordenador do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação
Saudável já tinha destacado recentemente que os números portugueses
mostram que quando o rendimento familiar diminui, a obesidade tende a
aumentar. Uma das explicações para esta relação poderá estar no facto
de os alimentos que fornecem grandes quantidades de energia a custo
baixo serem mais acessíveis em termos de preço e, paralelamente, haver
uma indústria alimentar que potencia o seu consumo, nomeadamente
através da publicidade.

Apesar de tudo, os dados da DGS permitem concluir que nos três anos
avaliados - 2011, 2012 e parte de 2013 - não se têm registado
"oscilações significativas" no acesso aos alimentos por parte dos
portugueses.

Com Lusa

http://www.ionline.pt/artigos/portugal/tres-cada-dez-portugueses-ja-abdicam-alimentos-essenciais

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