domingo, 11 de janeiro de 2015

Produtores de Alvarinho a um passo do acordo

Chave do sucesso está nas uvas. Monção e Melgaço exigem que não possam ser vendidas


Casta Alvarinho no seio da polémica nos Vinhos Verdes
José Mota
10/01/2015 | 00:00 |  Dinheiro Vivo
É o tudo ou nada. Os produtores de Vinho Verde sentam-se sentam-se terça-feira, dia 13, pela última vez à mesa das negociações do Alvarinho. O Governo tem, até ao fim de janeiro, de explicar a Bruxelas porque é que a lei trata de forma diferente os produtos de Alvarinho de Monção e Melgaço dos restantes e um acordo entre as partes facilitaria tudo porque permitiria mudar a legislação. A chave de sucesso da negociação parece residir na questão das uvas de Alvarinho de Monção e Melgaço, cujos produtores exigem que continuem a não poder sair da sub-região sem serem vinificadas. E ameaçam mesmo bater com a porta negocial se houver insistência em mudar isso.
De um lado e do outro da mesa de negociações estão produtores de Vinho Verde. Mas uns têm, por lei, a exclusividade da produção de Vinho Verde Alvarinho (os de Monção e Melgaço) e outros, os restantes viticultores da Região Demarcada dos Vinhos Verdes, são obrigados a rotular os seus Alvarinhos como vinho regional Minho. A mediar está a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes e o Instituto da Vinha e do Vinho que acompanha as negociações em nome do Ministério da Agricultura.
Há questões já praticamente fechadas, como a criação de um selo de garantia diferenciador para os Vinhos Verdes Alvarinho de Monção e Melgaço - que, tal como o Dinheiro Vivo avançou em novembro, passarão a ostentar nos rótulos a designação Premium -, e de um plano de apoio à competitividade das empresas desta sub-região ( falta estabelecer o montante do pacote financeiro ), mas o tema das uvas e o prazo de aplicação das novas regras são questões delicadas em cima da mesa.
O presidente da Adega de Monção, reconhece que a intenção de manter as uvas Alvarinho na sub-região de Monção e Melgaço está a ser um entrave ao acordo, mas garante que "é inegociável". Armando Fontaínhas explica que tem havido "cedêcias de parte a parte" e que este é o único ponto negocial que "recebeu um não completo". E se os restantes produtores insistirem em mexer neste ponto, a Adega de Monção abandona as negociações. "Já abdicamos de muita coisa, não abdico dos meus princípios neste tema. Não estamos a negociar a saída de uvas da sub-região para que depois quem as compre faça Alvarinhos como sendo seus", diz o responsável por aquela que intitula como "a maior adega cooperativa da Região dos Vinhos Verdes", com dois mil sócios, uma produção anual de 5,5 milhões de garrafas e um volume de negócios superior a 12,5 milhões de euros.
A APA - Associação de Produtores de Alvarinho de Monção e Melgaço partilha do ponto de vista, mas mostra abertura para ir mais longe. Miguel Queimado assegura que, se houver acordo nos restantes pontos, designadamente no que se prende com "a introdução de regras mais apertadas para os vinhos regional Minho e fazendo a alteração do paradigma do Alvarinho de modo regulado e faseado", também o tema das uvas poderá ser ultrapassado. Desde que seja garantido "um prazo substancialmente alargado" para a mudança, sublinha.
Do outro lado, António Guedes, da Aveleda, diz apenas que "tudo o que seja um prazo temporal demasiado longo fará com que toda esta negociação perca interesse". No entanto, admite que o ambiente negocial "tem sido bom" e mostra-se convicto que será possível chegar a bom porto "se os pequenos pormenores que faltam forem trabalhados".
Também Manuel Pinheiro, presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) se mostra confiante numa solução negociada. Atendendo à aproximação das partes nos últimos meses, a Comissão irá apelar ao Governo para que avance com a alteração legislativa sobre o Alvarinho. Até porque, diz Manuel Pinheiro, "o Governo não pode ignorar que Bruxelas considera a lei atual incompatível com a legislação comunitária".

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