quinta-feira, 18 de junho de 2015

É gestor, professor, comerciante e produtor. A agricultura convencional já faz parte do passado



16.06.20150

A necessidade aguça o engenho. Luís inventou uma tesoura, com uma régua no meio, para cortar os espargos à medida de 18 centímetros de altura
O cultivo de espargos em modo biológico permitiu finalmente a Luís Trindade garantir o escoamento de tudo o que produz. Volta-se agora para as laranjas e quer entrar nos hortícolas . Entretanto, já abriu a sua própria mercearia. Acompanhe as histórias de produtores e produtos inovadores que estão a surgir e a evolução dos distinguidos no Prémio Intermarché Produção Nacional 2014, que este ano volta a ser um projeto do Expresso e da SIC Notícias.

Raquel Pinto
RAQUEL PINTO

Luís Trindade não é novo nisto. Há dez anos concorreu aos apoios comunitários para produção de espargos verdes. Entrou no mercado da grande distribuição, mas a produção convencional, numa propriedade em Alvito, a meio caminho entre Évora e Beja, não lhe garantiu a independência. Não tinha nem quantidade, nem preços para enfrentar o mercado ao lado de produtos importados, de Espanha e do Peru.

A exploração na posse da família há três gerações tem oito hectares, três dos quais ocupados com este fresco. A produção agrícola serviu sempre apenas para consumo pessoal. Ganhou  dimensão com o investimento de Luís. Nem tudo foi fácil. Foram  altos e baixos, associados a uma cultura sazonal, que dá dois meses por ano.

A agricultura surgiu depois da licenciatura em Gestão. Sem emprego, rentabilizar a exploração pareceu-lhe uma saída através da ajuda de fundos europeus. Entre os dois anos que demorou a plantação a entrar em produção, precisava de sobreviver. Encontrou saída a dar aulas numa escola profissional da zona. Esta era e continua a ser a principal fonte de receita. Luís Trindade acredita que as preocupações com a saúde passam inevitavelmente por uma mudança nos hábitos alimentares.

Resolveu rentabilizar por via da diferenciação com espargos biológicos. A mudança radical ocorreu em 2012. Desde o Algarve, passando por Lisboa ou Porto, os seus produtos são vendidos em lojas biológicas. Não quer entrar em mercados convencionais.

"Foi uma aposta ganha. Tenho o escoamento todo garantido", assegura Luís.

Apesar disso, não sabe se irá continuar com os espargos. A cultura dura entre 10 a 15 anos e a de Luís está a chegar ao fim, não sendo possível voltar a plantá-la no mesmo local. O objetivo poderá passar por reduzi-la ao mesmo tempo que se volta para outras. "A laranja biológica tem meses", revela, e em mãos já conta com projetos para outras variedades de hortícolas ou pomares ainda com pouca expressão. Mantendo-se no caminho do biológico, espera, finalmente, fazer disto a atividade principal. Aos 39 anos.

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