segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

China tem peso cada vez maior nos mercados agrícolas

De Marion Thibaut (AFP) – Há 1 dia
PARIS — A China, que já é um ator maior no comércio internacional de
soja e algodão, era até pouco tempo atrás autossuficiente na produção
de cereais, mas sua situação mudou e isso afetará o equilíbrio dos
mercados agrícolas, dizem especialistas.
"A China é um país gigantesco e por isso qualquer pequena intervenção
sua no mercado internacional gera alterações nos preços e isso deve
acontecer cada vez mais nos próximos anos", disse Benoit Labouille,
analista da Oferta e Demanda Agrícola (ODA), uma consultora francesa
para os profissionais do setor.
O gigante asiático já modificou o mercado de soja ao triplicar suas
importações desde 2004 para alcançar 60% dos negócios mundiais.
Até o momento, a China fez de tudo para não se converter em um grande
importador de cereais, mas seu modelo chegou ao limite, dizem os
especialistas.

"Assistimos hoje a uma ruptura do modelo chinês, como mostra
claramente o recente acordo concluído com a Argentina", disse
Josephine Hicter, analista de matérias-primas da Oaks Fields Partners.
Na quarta-feira, Pequim e Buenos Aires, segundo exportador mundial de
milho, firmaram um acordo para a exportação desse cereal. Algo sem
precedentes já que a China, segundo produtor mundial depois dos
Estados Unidos, quase não importava milho até o ano passado.
De acordo com analistas, a situação mudou devido ao aumento do consumo
de carne pelos chineses, o que implica no aumento da produção de gado
e no consequente aumento da necessidade de ração, que utiliza o milho
e outros cereais.
Para os especialistas, o ingresso da China no comércio mundial de
milho é "irreversível".
Escassez de terras disponíveis
"Até o momento, o volume importado pela China tem sido avaliado em 4
milhões de toneladas, sendo que são negociados cerca de 92 milhões de
toneladas por ano no mundo", explica Helene Morin, da empresa Agritel.
A situação do trigo é menos inquietante porque o país dispõe de 60
milhões de toneladas em reservas estratégicas, uma cifra que equivale
à metade de sua produção anual e a 30% das reservas mundiais.
Com mais de 1,3 bilhão de habitantes e um consumo de alimentos que não
para de crescer, a China enfrenta agora o problema do limite de sua
produção agrícola.
O país melhorou claramente sua produção através de fertilizantes, mas
agora sofre com a escassez de terras.
A única solução para Pequim é buscar terras cultiváveis fora da China,
como na África, na Nova Zelândia ou nas Filipinas.
Nesse contexto, o país teve que abrir uma exceção no ano passado a sua
política de autossuficiência e importar trigo da Austrália, também
para a engorda de gado.
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5iOePTLyS0Pg3xaVAUp1q3sIlzbmg?docId=CNG.6832d219d479ff547f512ce2cba10833.141

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