quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Três quartos dos países africanos em risco elevado de crise alimentar

Três quartos dos países africanos e vários Estados que passaram pela
"Primavera Árabe" estão em risco extremo ou elevado de uma crise
alimentar, revela um estudo hoje divulgado.
O estudo da consultora britânica Maplecroft, intitulado "Índice de
Segurança Alimentar" e que analisa 197 países, conclui que das 59
nações em maior risco de insegurança alimentar, 39 estão no continente
africano e, dos 11 países em risco extremo, nove são africanos.
O índice da insegurança alimentar é liderado pela Somália e pela
República Democrática do Congo, que estão juntos na primeira posição e
são seguidos pelo Burundi (4.º lugar), Chade (5.º), Etiópia (6.º),
Eritreia (7.º), Sudão do Sul (9.º), Comoros (10.º) e Serra Leoa
(11.º).
O Haiti (3.º) e o Afeganistão (8.º) são os restantes países em "risco
extremo" de passarem por uma crise alimentar.
Entre os 48 países considerados em "risco elevado" de insegurança
alimentar estão Moçambique (13.º), Angola (20.º), Timor-Leste (24.º),
Guiné-Bissau (34.º) e São Tomé e Príncipe (57.º).
Cabo Verde (68.º) e Brasil (135.º) estão na categoria "risco médio",
enquanto Portugal (152.º) está no grupo dos países com "baixo risco"
de insegurança alimentar.
O relatório da Maplecroft sublinha que o risco de insegurança
alimentar voltou a aumentar este ano devido à seca nos EUA, a pior em
50 anos, que elevou os preços do milho para próximo dos máximos
registados, enquanto o peço do trigo também aumentou devido à quebra
de 10% na produção na antiga União Soviética.
"Os baixos níveis de produção empurraram os preços dos alimentos para
um aumento de 6% em julho de 2012, fazendo surgir o medo de uma
repetição da crise alimentar de 2007/2008, que resultou em motins em
países como o Bangladesh, a Costa do Marfim, o Egito, o México, o
Senegal e o Iémen.
"As estimativas dos preços dos alimentos para 2013 fornecem uma imagem
preocupante", diz Helen Hodge, da Maplecroft.
"Embora ainda não tenha emergido uma crise alimentar, há potencial
para uma convulsão social relacionada com a alimentação nas regiões
mais vulneráveis", acrescenta.
O relatório é dirigido a governos, organizações não-governamentais e
empresas e visa ajudá-los a identificar os países suscetíveis de
passar por períodos de fome ou de convulsão social associada a
escassez de alimentos ou aumentos dos preços.
A organização alerta que a insegurança alimentar, conjugada com outros
fatores como a indignação popular com a corrupção governamental ou a
opressão política, "pode criar um ambiente propício a agitação social
e mudanças de regime".
O último relatório da ONU sobre segurança alimentar, apresentado na
terça-feira, revela que uma em cada oito pessoas do mundo sofre de
subnutrição crónica, mas sublinha ainda ser possível reduzir a fome
para metade até 2015, se forem adotadas as "medidas adequadas".
De acordo com o relatório "O estado da insegurança alimentar no
mundo", para o período 2010-2012, 868 milhões de cidadãos do mundo
sofrem de fome - 234 milhões na África Subsaariana - e mais de 2,5
milhões de crianças continuam a morrer de subnutrição.

Diário Digital com Lusa

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=596034

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