quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Vaca portuguesa no hambúrguer McDonald's e no prato angolano

09 Outubro 2012 | 10:03
António Larguesa - alarguesa@negocios.pt


Num sector pouco propício à internacionalização, a Campicarn montou
uma empresa em África e já vende 15% da carne para fora
Vocação "afiada" | Os perto de 200 trabalhadores da Campicarn SGPS têm
um patrão com o 9.º ano, que "nunca" teve "dificuldades em gerir" as
várias empresas do grupo.


Não cresceu como herdeiro, mas vai deixar herança aos dois filhos,
sócios da Campicarn SGPS. Aos 22 anos, Manuel Martins deixou a
"costela" do pai, que também "trabalhava nas carnes", e estabeleceu-se
em nome individual, agarrando "com os dois braços e as duas pernas a
primeira oportunidade". Em 1988, um ano após começar, já facturava um
milhão de contos. No ano seguinte constituiu a Campicarn. "Fomos
subindo de ano para ano até aos actuais 44 milhões de euros. E não
queremos ficar por aqui", resumiu o empresário. Espanhóis e angolanos
são os comensais estrangeiros da carne de bovino desmanchada,
processada e embalada na unidade industrial de Famalicão, em que 110
trabalhadores movimentam 400 toneladas todas as semanas.

A fábrica está a beneficiar da terceira ampliação, a concluir no
início de 2013, que permitirá aumentar a capacidade produtiva que está
"no limite". O investimento superior a 2,5 milhões de euros vai "quase
triplicar" a produção de processados à base de carne de bovino, como
rolo de carne, salsicha fresca ou fiambre. Bens de maior valor
acrescentado, por incorporarem ingredientes além da carne, em que
consegue uma "margem mais confortável" e para os quais tem "mercado
nacional e na exportação para poder crescer 20% a 30% nas vendas nos
próximos dois anos".

Angola "mima" carne portuguesa
Se no segmento suíno há "belíssimas indústrias", no bovino a Campicarn
assume-se como "a maior empresa nacional". Portugal não é, por
tradição, exportador desta carne. Pelo contrário: 60% do que consume é
importado, pelo que "não faz sentido pensar em exportar para França ou
Alemanha", frisou o presidente. A internacionalização, crescente e que
vale já 15% das vendas, é um processo muito seleccionado. O primeiro
passo surgiu a convite da AICEP para visitar uma feira alimentar em
Luanda. Em 2007 abriu a Campicarn África, através da qual chega a "um
mercado que consome, com algum dinheiro e que trabalha com margens
diferentes das praticadas" no mercado interno. Brasil e Paraguai são
os maiores concorrentes. O angolano "defende as marcas portuguesas",
acrescentou Martins.

Já no mercado espanhol, que vale dois terços da exportação e tem uma
logística "mais pacífica" do que em Angola, o maior cliente é a
McDonald's. Os hambúrgueres que a multinacional vende nos restaurantes
da Península Ibérica são "um bom cartão de visita para que a marca
tenha presença". "Ao contrário do que se possa pensar, é um cliente
extremamente difícil e rigoroso ao nível de qualidade e do serviço.
Estamos com eles há três anos, foi muito difícil no início, mas agora
funciona lindamente", resumiu o industrial famalicense.

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