sexta-feira, 11 de julho de 2014

Produção de gado e biocombustível vai aumentar na próxima década

Num relatório de duas organizações internacionais divulgado hoje conclui-se que a produção de gado e de biocombustível vai aumentar, relativamente à produção de cereais, na próxima década e em todo o mundo.

No relatório "Perspectivas Agrícolas 2014-2023" da Organização para o Desenvolvimento e Cooperação Económica (OCDE) e do Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), a alteração do padrão na alimentação humana e a procura crescente de biocombustível vão levar a uma menor produção dos cereais primários na alimentação: trigo e arroz.

A actividade agrícola vai voltar-se para a produção de cereais secundários, como aveia, milho, cevada e sorgo, e plantas oleoginosas, como soja e colza, para responder ao aumento da procura para alimentação e combustível.

Apesar de os cereais continuarem a ser dominantes na dieta humana, o aumento do rendimento `per capita`, a urbanização e a alteração dos hábitos alimentares contribuem para uma mudança para dietas mais ricas em proteínas, gorduras e açúcares.

Assim, "os preços dos cereais deverão baixar durante um ou dois anos, e depois estabilizar em níveis superiores ao do período anterior a 2008". Em contrapartida, os preços da carne, laticínios e peixe vão aumentar, mas em termos reais e a médio prazo, os preços dos cereais e produtos animais vão sofrer uma desaceleração, indica.

A produção mundial de peixe vai beneficiar sobretudo pelos avanços conseguidos na aquacultura, nos países em desenvolvimento. Os constantes elevados custos, num contexto de procura estável, vai manter o preço do peixe acima da média histórica, impedindo um aumento do consumo deste produto, na próxima década, refere.

O aumento da produção vai ser garantido sobretudo pelos países em desenvolvimento na Ásia e América Latina, sustendo também uma subida do comércio mundial, embora a um ritmo inferior relativamente à década anterior.

O continente americano "vai reforçar a posição como região exportadora, quer em valor como em volume, enquanto África e Ásia verão aumentar as importações para responder à procura", indica.

A aplicação de reformas - como a da Política Agrícola Comum (PAC) da UE em 2013 e a lei agrícola nos Estados Unidos - permitiram uma melhor adaptação dos mercados às exigências da procura e da oferta, de acordo com o relatório.

Neste relatório, a FAO e a OCDE centram a sua atenção na Índia, "o segundo país mais povoado do mundo, com o maior número de agricultores e também com o maior número de pessoas sem segurança alimentar".

O documento sublinha que a nova lei de Segurança Alimentar indiana é a iniciativa mais importante para o direito à alimentação aprovada até ao momento no país.

A legislação coloca mais de 800 milhões de pessoas a beneficiar de rações subsidiadas de cereais.

A produção agrícola indiana registou um forte crescimento anual na última década devido aos subsídios concedidos para o uso de fertilizantes, pesticidas, sementes, água e luz, refere.

O relatório prevê que a Índia se transforme no primeiro produtor mundial de leite, ultrapassando a UE, especialmente na produção de leite em pó desnatado.

O estudo não pretende ser uma projecção do futuro, mas um cenário plausível baseado em condições macroeconómicas, políticas agrícolas e comerciais, indicadores meteorológicas, tendências produtivas a longo prazo e desenvolvimento dos mercados internacionais.

Fonte:  Lusa

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