sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Agricultura: das melhores armas para reduzir pobreza

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6 de Dezembro, 2012
A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO)
defende que o investimento na Agricultura é "uma das estratégias mais
eficazes para reduzir a pobreza e a fome", e alerta para o perigo de
abandono do sector.

No relatório anual da organização hoje divulgado em Roma, sob o lema
"Investir na Agricultura para um futuro melhor", a FAO afirma que há
cada vez menos investimento proporcional e menos percentagem da
população no sector agrícola e deixa conselhos, um deles o de ter em
conta as decisões dos agricultores nas políticas agrícolas dos países
pobres.

A FAO aconselha também que os recursos públicos sejam usados mais
eficazmente, afirmando por exemplo que é mais útil apoiar a
investigação para melhorar a produtividade, e investir em caminhos
rurais e na educação, do que pagar subsídios (para fertilizantes, por
exemplo).

Os subsídios "podem ser politicamente populares" mas não costumam ser
a melhor forma de utilizar dinheiros públicos, e acabam por norma "nas
mãos das elites rurais", diz o documento.

"O investimento na Agricultura é fundamental para promover o
crescimento agrícola, reduzir a pobreza e a fome e favorecer a
sustentabilidade ambiental. As regiões do mundo onde há hoje mais fome
e pobreza extrema, concretamente na Ásia Meridional e na África
Subsaariana, registaram uma estagnação ou diminuição dos índices de
investimento por trabalhador na agricultura ao longo de três décadas",
alerta o relatório.

Por isso, acrescenta, para erradicar a fome nestas e noutras regiões é
necessário um "aumento significativo" dos investimentos na
Agricultura.

O problema, diz o documento, é que os agricultores de muitos países
pouco desenvolvidos enfrentam obstáculos como o escasso investimento
público no sector, a extrema pobreza, a fragilidade dos direitos de
propriedade, o acesso deficiente aos mercados e serviços financeiros e
a incapacidade para fazer face aos riscos.

A FAO faz também referência à compra de grandes porções de terras, por
parte de empresas privadas, em alguns países. Se bem que esses
investimentos "tenham uma repercussão marginal na produção
agro-pecuária mundial" terão um impacto a nível local que a
organização das Nações Unidas considera que pode ser negativo, social
e ambientalmente.

Se por um lado aumentam as exportações, dão empregos e promovem a
transferência de tecnologia, por outro podem colidir com direitos dos
tradicionais proprietários das terras e "gerar efeitos ambientais
negativos". A FAO defende que é necessário melhorar a capacidade dos
governos e comunidades locais para negociar contratos e fazê-los
respeitar.

Diz ainda o relatório que o crescimento da procura de produtos
agrícolas nas próximas décadas levará a uma maior pressão sobre os
solos, pelo que são necessários investimentos na conservação dos
recursos naturais e numa produção sustentável.

"Para acabar com a fome de uma forma sustentável, é necessário
aumentar significativamente os investimentos na Agricultura e, o mais
importante, deverá melhorar-se a qualidade dos investimentos", diz o
documento.

E depois, diz também a FAO, são os agricultores a maior fonte de
investimento na Agricultura, apesar dos investimentos estrangeiros e
das ajudas ao desenvolvimento, "pelo que devem de ocupar um lugar
central em toda a estratégia" e usufruir de um bom ambiente económico.

As condições para tal ambiente "são conhecidas, mas ignoradas com
demasiada frequência", diz a FAO. E dá exemplos do que muitas vezes
existe: má governação, ausência de um Estado de Direito, altos níveis
de corrupção, direitos de propriedade pouco seguros, normas comerciais
arbitrárias, imposição de elevadas cargas fiscais, ou falta de
infraestruturas e serviços públicos adequados nas zonas rurais.

http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=64252

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