terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Plantação de novos olivais parou nas áreas de regadio do Alqueva

04-12-2012





A plantação de olival intensivo e superintensivo no território já
irrigado e a irrigar no Alqueva estagnou, o que se deve, entre outros
factores, aos baixos preços praticados no mercado do azeite.

No lugar do azeite estão a surgir novas culturas, com destaque para o
milho, que ocupou em 2012 cerca de 13.500 hectares de regadio. A
Empresa de Desenvolvimento e Infra-Estruturas do Alqueva (EDIA) já fez
o levantamento dos solos com aptidão para o seu cultivo e concluiu que
há cerca de 50 mil hectares em condições para produzirem mais de 600
mil toneladas de grão por ano.

«A nossa percepção, adianta Filipe Santos, director coordenador da
Promoção do Regadio e Economia da Água da EDIA, «é a de que a área
coberta de olival no regadio de Alqueva, com cerca de 35 mil hectares,
está estabilizada e não irá crescer muito provavelmente nos próximos
anos».

Deste total, cerca de 15 mil hectares de olival ainda são regados com
água de furos, pequenas barragens particulares, de captações directas
a partir do rio Guadiana ou da albufeira do Alqueva.

«O maior reservatório de água da Europa», diz Filipe Santos, tem
condições para disponibilizar cerca de 600 milhões de metros cúbicos
por ano para irrigar 120 mil hectares, um volume muito aquém do que
estava programado para o regadio no projecto inicial.

A reserva útil da albufeira do Alqueva, na sua capacidade máxima de
armazenamento, é 3.150 milhões de metros cúbicos, cinco vezes mais que
o necessário para a componente agrícola. O volume estimado no projecto
inicial apontava o consumo de seis mil metros cúbicos/hectare/ano. Nas
culturas actuais, nomeadamente o olival, esse volume situa-se entre os
2.500 e os três mil metros cúbicos.

A evolução tecnológica que se observa nos sistemas de rega, sobretudo
com a introdução do sistema gota a gota, reduziu substancialmente as
necessidades de água, conclui um estudo elaborado em 2011 pela empresa
KPMG. Uma visão estratégica
para um desenvolvimento sustentável do Empreendimento de Fins
Múltiplos de Alqueva.

Em termos percentuais, a EDIA contabilizou a água consumida em 2012 em
35 mil hectares de regadio e constatou uma redução: passou de 63% do
total utilizado para regadio em 2011 para 53 por cento em 2012,
equivalentes a cerca de cem milhões de metros cúbicos.

Acresce a esta redução a dificuldade em fazer aderir ao regadio um
significativo número de agricultores que a EDIA calcula em 40 por
cento, e o uso que as explorações agrícolas fazem de reservas
próprias.

Francisco Palma, presidente da Associação de Agricultores do Baixo
Alentejo, realça a «incongruência» de se aprovar a aplicação de fundos
comunitários na construção de pequenas barragens e charcas privadas
nas explorações já abrangidas pelo regadio do Alqueva, um pormenor que
é revelador de uma «duplicação de encargos» com fundos estruturais,
acentua.

Para contrariar esta realidade, João Basto, presidente da EDIA, realça
a necessidade de «mobilizar o maior número possível de agricultores»
que já estão a beneficiar de bocas de rega nas suas explorações «mas
que não regam».

Neste sentido, técnicos da EDIA foram para o terreno contactar
directamente cerca de 430 proprietários de terras que juntos preenchem
uma área de regadio de oito mil hectares para saber se «querem vender,
arrendar ou produzir» com as suas explorações, salienta João Basto.

Cerca de 75 por cento «estão disponíveis para fazer alguma coisa», adianta
Filipe Santos. «Têm aparecido empresas na área do milho» que querem
fazer parcerias com estes agricultores, conclui.

A EDIA está a contactá-los para aderirem à "Bolsa de Terras". Nuns
casos, explicam os responsáveis da empresa, trata-se de pessoas
idosas, noutros, de proprietários com dificuldades económicas ou falta
de capacidade empresarial.

«Temos de convencer os proprietários dessas terras que podem obter
rentabilidade» com a sua adesão à "Bolsa de Terras", assinala o
presidente da EDIA, a propósito do apelo lançado pela ministra da
Agricultura, Assunção Cristas, durante a recente deslocação a Beja,
onde revelou que «em média estão a surgir por mês 240 jovens
agricultores».

A alternativa para estes jovens agricultores pode estar nas pequenas e
médias explorações agrícolas que se encontram sem produzir nos blocos
de rega de Alqueva já devidamente equipados.

Dos cerca de 52 mil hectares que se encontram, neste momento,
devidamente infra-estruturados para receberem culturas regadas em
Alqueva, cerca de 35 mil já têm culturas instaladas.

Para além do olival e da vinha, emergem novas culturas como as
hortícolas, entre elas a cebola, que já ocupa cem hectares, havendo o
propósito de a alargar para os 600 hectares. Outra novidade é a
produção de papoilas destinadas à obtenção de ópio medicinal, que já
mobiliza cem hectares em Alqueva, subindo para 600 com os projectos em
estudo.

Fonte: Público

http://www.confagri.pt/Noticias/Pages/noticia45354.aspx

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