sábado, 21 de junho de 2014

Associação da Castanha alerta contra nova praga detectada em Portugal

Vespa do castanheiro (Dryocosmus kuriphilus)


A Associação Portuguesa da Castanha (RefCast) alertou para a vespa do castanheiro, uma nova praga que afecta os soutos e foi detectada recentemente em Barcelos e contra a qual está a ser delineado um plano de emergência.

"Esta praga foi infelizmente detectada no nosso país no Vale do Neiva, em Barcelos. É aí que está o primeiro foco de infecção da vespa do castanheiro descoberta em Portugal", afirmou à agência Lusa o porta-voz da RefCast, José Gomes Laranjo.

No entanto, de acordo com o especialista, no local foram encontrados algumas "galhas secas do ano passado", que indiciam que a praga já está presente no país há mais tempo.

O insecto entrou na Europa, via Itália, em 2002. Em 2005, penetrou em França e em 2012 em Espanha, chegando a destruir grande parte da produção de castanha nos soutos infectados.

Depois das doenças do cancro e da tinta, que destruíram muitos castanheiros em Portugal, estes estão agora a ser ameaçados por uma nova praga.

José Gomes Laranjo referiu que a associação e os seus parceiros já estavam atentos à vespa que aloja os seus ovos nos gomos dos castanheiros. Só quando estes formam novos ramos é que se percebem as deformações e inchaços nas folhas. Depois de infectados, os ramos não conseguem dar mais fruto.

A RefCast, com sede em Vila Real, convocou uma reunião de emergência na semana passada para debater o assunto. Está também já constituído um grupo de trabalho que junta elementos da associação, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) e é coordenado pela Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN).

O responsável disse que o plano de combate à praga passa, no imediato, pela detecção das áreas afectadas, pelo que apelou aos agricultores para irem ao terreno observar os castanheiros para que se possa ainda proceder à queima dos ramos infectados.

"Até ao final de Julho ainda podemos ir a tempo de descobrir esses focos e evitar que cada mosca que lá esteja origine 200 novas moscas, destruindo esses ramos pelo fogo estamos a controlar a praga", salientou.

O especialista frisou que esta estratégia pode atrasar o alastramento da infecção.

"A praga tanto pode vir nos novos castanheiros que nós compramos no Inverno como também serem transportados no interior dos veículos. Tudo isto são factores possíveis de contaminação", acrescentou ainda.

José Gomes Laranjo acrescentou que se está a trabalhar ainda no licenciamento extraordinário de alguns insecticidas que podem ser aplicados nos castanheiros e num plano de implementação de uma luta biológica na primavera do próximo ano.

Esta luta biológica passa por introduzir em Portugal uma outra mosca -- o Torymus sinensis - que será libertada junto aos castanheiros infectados, a qual vai por os ovos no mesmo sítio onde estão as larvas da vespa.

"Essas larvas vão-se alimentar das larvas da vespa. Esta estratégia que está a ser aplicada em Itália e em França com resultados positivos.

Apesar de revelar esperança na luta contra a vespa, José Gomes Laranjo mostrou-se "muito preocupado" com as consequências desta nova praga no sector que é considerado como o "petróleo" ou o "ouro" de Trás-os-Montes.

No ano passado, a região produziu cerca de 30 mil toneladas de castanha, que se traduziram num volume de negócios que rondou os 60 milhões de euros.

Fonte:  Lusa

Sem comentários:

Enviar um comentário