sábado, 21 de junho de 2014

Contra-revolução em curso. Chegou a hora de tentar limpar a imagem da manteiga


"Time" prepara-se para lançar uma edição provocadora que rejeita os riscos das gorduras saturadas na saúde. Nos EUA, um livro lembra como estudos parciais ajudaram a tranquilizar a população e o presidente Eisenhower
Quer manteiga na sandes? Quem não pensa duas vezes antes de responder à pergunta mais banal do que pedir factura em qualquer café levante a mão. Cada vez há mais pessoas a dizer que se calhar a vozinha que faz contas à saúde e vota a favor do "não" resulta de um dos maiores erros das últimas décadas no campo da nutrição, mesmo que os seus autores tenham sido bem intencionados – o que também já começa a ser posto em causa. A "Time", que no passado foi vista como um marco na mudança de consciência – em 1984, fez uma edição dedicada à prevenção do colesterol, que classificou de mortal – prepara-se para lançar na próxima semana uma edição provocadora com a chamada de capa"coma manteiga". Nos EUA há também um livro chamado "Big Fat Surprise", lançado em Maio, com chancela do "The New York Times", que depressa se tornou bestseller.

A autora, a jornalista de investigação Nina Teicholz, não tem pejo em classificar a campanha contra as gorduras saturadas como uma das maiores experiências não controladas feitas na população americana nas últimas décadas. E junta à história, que tem como marco o primeiro ataque cardíaco de Eisenhower em 1955, algumas estatísticas persuasoras: quando em 1961 a Associação Americana de Cardiologia emitiu as primeiras recomendações no sentido de uma dieta baixa em gordura e colesterol, um em cada sete adultos americanos tinha excesso de peso. Quarenta anos depois, a obesidade afecta um terço da população e a taxa de diabetes passou de 1% da população para 11%, números próximos dos que se verificam na maioria dos países industrializados. Portugal inclusive.

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