segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Coimbra Agricultores dão "rosto" aos produtos com entregas de cabazes


Agricultores da região Centro estão a apostar na proximidade e entregam os seus produtos em cabazes, a dias fixos, na cidade de Coimbra, passando os clientes a conhecer o rosto de quem produz.
PAÍS Agricultores dão rosto aos produtos com entregas de cabazes Lusa
16:30 - 14 de Dezembro de 2014 | Por Lusa
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Todas as quartas-feiras, João Madeira sai de Penela a caminho de Coimbra para entregar cabazes com produtos agrícolas da sua quinta a clientes. Colhe os produtos no próprio dia ou no dia anterior.

"Mais fresco não dá. Só comendo ao lado da exploração", comenta o engenheiro agrónomo de 40 anos, natural de Coimbra, que decidiu em 2011 dedicar parte da sua vida à produção agrícola.

Para João Madeira, com este tipo de entrega "evitam-se intermediários" e cria-se "uma forma alternativa de relacionamento entre quem produz e quem consome".

No cabaz, só há produtos da época, exceto as ervas aromáticas produzidas em estufa e doces e compotas feitos para eliminar o desperdício.

"Não faz sentido comer laranjas da Nova Zelândia e tomates não sei de onde. A produção local é a única que faz sentido e é sustentável", defende Vasco Nogueira, cliente, realçando que o consumo de produtos de época é "um regressar às origens".

Poder comprar em cabazes permite "conhecer a pessoa que produz, perceber como se faz e até sugerir produtos", além de incluir legumes no cabaz que Ruben Torices, outro comprador, "nunca tinha experimentado e possivelmente num supermercado não encontrava".

Cristina de Jesus, de 43 anos, virou-se para a agricultura e para a entrega de cabazes depois de ter ficado desempregada em 2013, já que a alternativa "era eventualmente trabalhar para fora do país".

Começou a sua exploração agrícola há três meses, nos terrenos da família, no concelho de Cantanhede, com a ajuda "do saber e experiência" dos pais, tendo iniciado a entrega de cabazes há uma semana.

Optou pelos cabazes por ser "uma forma mais personalizada" de entregar os produtos, em que se cria uma relação com o cliente e que contrasta com as compras em hipermercados, em que "as pessoas escolhem e nem sabem a origem" dos legumes.

Rosa Rodrigues, de Coimbra, e Nuno Pereira, de Tondela, também fazem entregas de cabazes em Coimbra, apesar de não ser a principal forma de escoarem os seus produtos.

Esta opção permite entregar produtos em pequena quantidade ou que "não se aguentam muito tempo frescos" e que de outra forma não venderiam, o cliente não perde tempo e podem introduzir hortícolas que as "pessoas dificilmente conheceriam", apontam como vantagens.

Para Maria Nunes e o seu marido, reformados a viver em Tábua, os cabazes são uma forma de "passar o tempo", mas também "de ganhar mais alguma coisa".

Vão duas vezes por mês a Coimbra fazer as entregas e os clientes ficam "satisfeitos", dizendo que "a sopa fica diferente, com um gosto e um cheiro diferente".

"As pessoas, com o primeiro cabaz, conhecem o produto e ficam bem servidas. Veem que é tudo produtos naturais e sem químicos nem pesticidas e ficam a conhecer a cara de quem produz", conclui Maria Nunes.

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