segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Em Coruche, o açúcar volta a ser feito da beterraba

A empresa DAI vai investir 30 milhões em 12 mil hectares de beterraba sacarina no Alqueva e na readaptação da fábrica


A DAI produz açúcar para marcas como a Rio Bravo, Auchan ou Continente
D.R.
15/12/2014 | 00:00 |  Dinheiro Vivo

A Sociedade de Desenvolvimento Agro-Industrial (DAI), que opera uma fábrica em Coruche, no Ribatejo, vai voltar a usar beterrabas sacarinas para produzir açúcar já a partir de 2017, disse ao Dinheiro Vivo, o responsável pela área de inovação e desenvolvimento da empresa, Manuel Espadinha.
A empresa tinha deixado de o fazer porque, em 2008, a Comissão Europeia reduziu para menos de metade a quota nacional de produção a partir de beterraba e a DAI teve de recorrer à importação de cana de açúcar e investir 12 milhões de euros na readaptação da fábrica.
Agora, as quotas de produção vão aumentar novamente - ainda não está fechado para quanto - e a DAI encontrou boas condições para voltar a cultivar grandes áreas deste tipo de beterraba, a única que dá para produzir açúcar.
"Vamos para o Alqueva que é uma zona com um potencial muito grande e que está em franco desenvolvimento. Estamos em negociações para ocupar 10 a 12 mil hectares de terreno que originariam uma produção de um milhão de beterrabas sacarinas que dão depois para 120 a 150 mil toneladas de açúcar", explicou o mesmo responsável. Ou seja, cerca de metade das 250 mil toneladas de açúcar que saem da fábrica da DAI todos os anos para abastecer a marca Rio Bravo ou as marcas próprias do Continente e da Auchan.
É por isso que este regresso à beterraba marca uma revolução na empresa. "Hoje a fábrica apenas refina cana de açúcar que temos de comprar lá fora e, por isso, produzir beterraba siginifica menos dinheiro gasto na importação", diz Manuel Espadinha. Marca também uma alteração na economia nacional, dado que, neste momento, Portugal não tem qualquer produção própria de açúcar, apenas refinação da cana.
Além disso, acrescenta Manuel Espadinha, vai criar empregos porque, além do cultivo da beterraba no Alqueva - que daria trabalho a mais agricultores naquela zona - a DAI vai ter de voltar a readaptar a fábrica de Coruche para que esta possa transformar a beterraba sacarina. Esta é diferente daquelas que se vendem nos supermercados,"tem a forma de um cone e é maiores, chegando a pesar cerca de um quilo.
O investimento nos equipamentos necessários para a transformação e ainda nos campos agícolas no Alqueva ascenderia a 30 milhões de euros, adianta este responsável da DAI. Segundo o relatório e contas de 2012, apesar de operar em Portugal, 51% da empresa é detido por espanhóis, 20% por italianos, 15% por holandeses e o restantes por portugueses.

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