quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Ambientalistas apelam à UNESCO para travar construção da barragem

Foz Tua

01.08.2012 - 13:05 Por Lusa
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UNESCo reuniu esta manhã com 20 representantes de associações ligadas
ao ambiente e movimentos locais (Manuel Roberto)
Representantes de associações ambientalistas apelaram esta
quarta-feira, na Régua, à missão da UNESCO para travar a construção da
Barragem de Foz Tua, considerando que se trata da última oportunidade
para salvar o Douro Património Mundial.

Três especialistas do Comité do Património Mundial da UNESCO estão de
visita ao Douro vinhateiro para avaliar, no local, os impactos
provocados pelos trabalhos de construção da Barragem de Foz Tua, entre
os concelhos de Alijó e Carrazeda de Ansiães.


Esta manhã estiveram reunidos com cerca de 20 representantes de
associações ligadas ao ambiente e movimentos locais, a maior parte dos
quais, desde o início do processo, se mostraram contra a construção do
empreendimento hidroeléctrico.

À saída do encontro, João Branco, dirigente da Quercus, disse aos
jornalistas que a esmagadora maioria dos participantes pediu à UNESCO
para mandar suspender as obras. "É a nossa última esperança",
salientou.

O ambientalista referiu que as técnicas que representam a missão
procuraram recolher o máximo de informação sobre a barragem e o Alto
Douro Vinhateiro (ADV), fazendo perguntas sobre a linha ferroviária do
Tua e os acidentes que ocorrem nesta via, sobre os acidentes também
ocorridos nas obras, que resultaram em três mortes, e os impactos na
socioeconomia da região.

"Eu acho que a UNESCO vai fazer o que tem que fazer para manter a
integridade da paisagem do ADV e vai dizer ao Governo para mandar
parar a barragem", salientou.

Aliás, João Branco considerou que o Governo já devia ter parado a
barragem há muito tempo porque "já recebeu muitos avisos".

"É preciso parar a barragem, é preciso salvar o Vale do Tua, é preciso
parar os impactos que a barragem tem sobre o ADV", afirmou também
Manuela Cunha, dirigente do Partido Ecologista "Os Verdes".

A responsável salientou que "não há maneira de minimizar os impactos
da barragem, nem com projectos de grandes arquitectos ou pequenos
arquitectos sobre o ADV".

"Se a barragem for para a frente uma ferida fica aberta e essa ferida
será um exemplo negativo que vai desautorizar qualquer proibição no
futuro nesta região e que vai gerar outras feridas", sublinhou.

A missão da UNESCO visitou na terça-feira o local onde decorrem as
obras da barragem, na foz do Tua, acompanhada pelo presidente
executivo da EDP, António Mexia.

Durante esta semana está a ser apresentada o projecto do arquitecto
Souto Moura que tem em vista a compatibilização da central
hidroeléctrica, inserida na área classificada, com a paisagem.

O projecto pretende enterrar toda a central. Será ainda feito um
pequeno reajuste do ângulo da própria barragem que pretende diminuir o
impacto visual da mesma.

A visita ao Douro vinhateiro foi agendada após a última reunião do
Comité do Património Mundial da UNESCO, que decorreu em São
Petersburgo, Rússia, e durante o qual foi aprovado um "abrandamento
significativo" das obras da barragem, em alternativa à suspensão das
mesmas.

Este ritmo de trabalhos vai manter-se até à apresentação do relatório
da missão da UNESCO, que deverá estar pronto até ao final do ano.

Depois dos ambientalistas e dos movimentos locais, as técnicas
reuniram com representantes da Agência de Desenvolvimento do Vale do
Tua.

http://www.publico.pt/Cultura/ambientalistas-apelam-a-unesco-para-travar-construcao-da-barragem--1557248

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