sábado, 22 de dezembro de 2012

Culturas agrícolas atingiram o seu pico global

SEGURANÇA ALIMENTAR

Publicado em 19 de Dezembro de 2012.
A quantidade de terra usada para cultivo em todo o mundo está no seu
auge e uma área com duas vezes o tamanho de França pode voltar à
natureza em 2060, devido à maior produtividade dos solos e a um
crescimento mais lento da população.
Um relatório divulgado esta semana diz que a humanidade alcançou o
pico das culturas agrícolas. Isto entra em conflito com estudos da ONU
que adiantam que serão necessárias mais terras cultiváveis nas
próximas décadas, de modo a evitar o aumento da fome e dos preços, à
medida que a população mundial cresce além dos sete mil milhões.
Este novo estudo calcula que a utilização de mais culturas para
biocombustíveis e um maior consumo de carne em economias emergentes,
como a China ou a Índia – exigindo mais terras cultiváveis para
alimentar o gado –, não irão compensar a queda do pico causado por uma
melhor produtividade.
Se isto se confirmar, a terra libertada a partir das colheitas será
10% da que está actualmente em uso – o equivalente a 2,5 vezes a área
total de França ou mais do que todo o território arável agora
cultivado na China.
"Acreditamos que a humanidade atingiu o pico das suas culturas e que
as muitas terras estão prontas para voltar à natureza", explicou Jesse
Ausubel, director do Programa para o Meio Ambiente Humano, da
Universidade Rockefeller, em Nova Iorque. "Felizmente, a causa não é o
esgotamento da terra arável, como muitos temiam, mas sim a moderação
da população e os gostos dos agricultores", escreveu ele.
O relatório, fornecido à Reuters por Ausubel, projecta que cerca de
150 milhões de hectares possam ser restabelecidos para as suas
condições naturais, como florestas, em 2060. Esta previsão é
equivalente a 1,5 vezes a área do Egipto.
O estudo avança que a terra arável mundial e as áreas de cultivo
permanente subiram de 1.370 mil milhões de hectares em 1961 para 1.53
mil milhões em 2009. E prevê uma queda para 1.38 mil milhões de
hectares em 2060.
O estudo de Ausubel admite fazer muitas suposições – a produtividade
agrícola crescente, o abrandamento do crescimento populacional, o
aumento relativamente lento no uso de plantas para produzir
biocombustíveis, o aumento moderado no consumo de carne – que podem
distorcer o resultado obtido se estiverem erradas.
Também não foram tidas em conta as grandes mudanças climáticas que os
estudos da ONU dizem que poderiam interromper a produção agrícola,
como o aumento das temperaturas, as chuvas menos previsíveis, mais
inundações, secas, desertificação e as ondas de calor.

http://greensavers.sapo.pt/2012/12/19/culturas-agricolas-atingiram-o-seu-pico-global/

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