sábado, 12 de janeiro de 2013

Biocombustível. A corrida pelo ambiente pode provocar 1400 mortes em 2020

Por Diogo Pombo, publicado em 12 Jan 2013 - 15:30 | Actualizado há 1
hora 31 minutos
UE apostou nos biocombustíveis até 2020. Consequências? Alimentos mais
caros, mais emissões de CO2 e menos terras para cultivar

O biocombustível é desde 2009 uma das apostas da União Europeia, (UE)
no esforço para reduzir o efeito estufa e as emissões de gases nocivos
para a atmosfera do nosso planeta, mas a aposta pode estar, afinal a
ser feita numa opção poluente e até 2020 poderá ser responsável por
quase 1400 mortes prematuras na Europa e pela redução da produção
agrícola para consumo humano e por uma escalada de preços nos
alimentos, de acordo com um estudo publicado pela revista "Nature
Climate Change".

O biocombustível é uma fonte de energia sem origem fóssil, derivada de
materiais agrícolas, como a cana-de-açúcar, milho ou soja ou de
qualquer tipo de biomassa, como árvores e plantas. O relatório em
causa, da autoria de um grupo de investigadores britânicos da
Universidade de Lancaster, em Inglaterra, prevê que a produção de
biocombustível, apesar de reduzir as emissões de gases com efeito de
estufa, como o CO2, quando comparada com combustíveis fósseis –
petróleo, carvão ou gás – possa contribuir ainda mais para a poluição.

Uma das conclusões aponta o exemplo de alguns tipos de árvores, como o
eucalipto ou o salgueiro, cujos resíduos são utilizados para produzir
biocombustível. No processo libertam uma substância, o isopreno, que,
conjugada com outros poluentes presentes no ar, forma ozono, o que
pode ser tóxico. "Produzir biocombustível é visto como uma coisa boa
porque reduz a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera", diz
Nick Hewitt, um dos responsáveis pelo estudo, à Reuters. "O que
estamos a dizer é que sim, é óptimo, mas os biocombustíveis também
podem vir a ter um efeito negativo na qualidade do ar", avisou. Nick
Hewitt refere efeitos nas "colheitas agrícolas", que podem ser
"pequenos, mas significativos".



PRIMEIRA META: 2020 Em 2009, a Comissão Europeia aprovou a sua
Directiva de Energia Renovável (RED), com que determinou vários
objectivos a cumprir até 2020. Um deles passa por garantir que 10% dos
combustíveis utilizados nos transportes de cada Estado-membro seja
oriundo de fontes renováveis.

O biocombustível não é a única hipótese – existe a electricidade -,
mas é a que mais implicações traz para o meio ambiente, porque exige
terrenos agrícolas que revertam exclusivamente para a produção de
biocombustíveis e isso leva a uma corrida à procura de solos aráveis e
uma competição com terrenos dedicados ao cultivo de produtos para
consumo humano.

O resultado: uma tendência para a redução de terras das quais possam
brotar alimentos. "Estamos a colocar em concorrência directa a
produção de alimentos com a produção de produtos agrícolas para
combustíveis", sublinha Nuno Sequeira. O presidente da Quercus diz ao
i que "fruto desta concorrência, será expectável que os preços [dos
alimentos] continuem a subir" e que surjam "eventuais problemas de
abastecimento de alimentos a populações humanas".

Hoje, cerca de dois terços do óleo vegetal gerado na UE é consumido
pela produção de biocombustíveis e um relatório publicado pela Quercus
em Dezembro, baseado em estudos conduzidos por várias organizações
ambientais internacionais, estimou que até 2021 o preço dos óleos
vegetais venha a subir 36%. O preço do milho poderá aumentar até 22%,
e o preço do açúcar também pode subir mais 21%.

Em 2011, cerca de 37 milhões de hectares de terreno tinham já sido
adquiridos com o objectivo de produzir biocombustível, de acordo com a
International Land Coalition. Até 2020, a meta estipulada pela UE, a
área poderá aumentar de 4,7 a 7,9 milhões - sensivelmente o tamanho da
Irlanda.

No ano em que a RED foi aprovada, a Europa registava uma extensão de
terrenos agrícolas dedicados à produção de biocombustível suficientes
para, num ano, alimentar 127 milhões de pessoas, segundo a Oxfam – um
número que ronda as actuais populações de Portugal, Espanha e França
juntas.

A confederação de organizações unidas na luta contra a fome e pobreza
revelou ainda que, em 2020, e tendo em conta os objectivos traçados, a
UE seria responsável pelo consumo de quase um quinto da produção
mundial de óleo vegetal.

http://www.ionline.pt/mundo/biocombustivel-corrida-pelo-ambiente-pode-provocar-1400-mortes-2020

1 comentário:

Anónimo disse...

Belo estudo! Mas se, de repente, pensarmos que a produçao de biocombustivel constitui um processo desnecessário influenciado pela tennologia dos combustíveis fosséis? E se, de repente, a biomassa por si só constituir uma solução mais interessante? E se, de repente, a Holocelulose dos vegetais fosse toda uma solução energética. Se assim fosse, a produção de residuos agriculas mundial seria suficiente para colmatar as necessidades energéticas mundiais, não havia necessiadde de ocupar terras só para produzir energia e o preço dos alimentos baixava pois a rentabilidade das explorações aumentava.... E em alguns anos teríamos todos os problemas ambientais resolvidos! espreitem : http://www.facebook.com/da.vide.7121

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