terça-feira, 8 de janeiro de 2013

E se a Roménia se tornasse o celeiro da Europa?

Economia Agricultura

GEOPOLÍTICA:
E se a Roménia se tornasse o celeiro da Europa?
8 janeiro 2013 ADEVĂRUL BUCARESTE
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Um pastor com as suas ovelhas em Râșnov, com as montanhas Bucegi como
pano de fundo (150 km a norte de Bucareste), a 6 de novembro de 2012.
AFP
Numa situação de crise mundial, a batalha pelas matérias-primas vai
endurecer em 2013. Enquanto a UE se volta para a Rússia no respeita às
necessidades energéticas, um dos seus Estados-membros poderia
abastecê-la de produtos agrícolas. Desde que os romenos tomem
consciência das suas potencialidades.

Cristian Unteanu
Não vai ser um ano fácil. A situação de crise mundial alargou ainda
mais os fossos tradicionais entre Norte e Sul e entre Leste e Oeste, e
revelou a ausência de soluções alternativas a nível mundial. As únicas
que, melhor ou pior, acabaram por funcionar (ou pelo menos trouxeram
uma esperança de melhoria) são soluções à escala regional, ou no
âmbito de alianças tradicionais, que tentam salvar a sua quota de
poder, sendo o melhor exemplo a União Europeia e o seu esforço de
sobrevivência centrado nos países da zona euro.

Os europeus vivem o seu maior dilema existencial, que, de uma maneira
ou de outra, irá encontrar um começo de solução neste ano de 2013. A
UE está dependente dos recursos energéticos russos em cerca de 60%,
uma percentagem que poderá aumentar consideravelmente, no caso de um
conflito que bloqueie temporariamente o acesso aos recursos do Médio
Oriente. Está também dependente das importações de cereais e de carne
da América do Sul, fornecedor estratégico que por enquanto pratica
preços acessíveis, mas que pode mudar de comportamento, agora que o
Mercosul está confirmado na posição de ator importante no mercado
internacional do poder.

A agricultura como alavanca geopolítica

É provável que a Europa continue a considerar a Rússia como um
parceiro estratégico na resolução dos problemas energéticos, e talvez
consiga encontrar uma forma de tirar partido do mercado africano de
matérias-primas. No entanto, o ano de 2013 será marcado por uma
batalha feroz pelas matérias-primas agrícolas e pelo fornecimento de
carne.

Pode ser que tudo isto constitua uma oportunidade para a Roménia, país
que, pelo menos em teoria, poderia produzir uma parte significativa da
procura europeia de produtos agrícolas. Seria um erro histórico não
aproveitar (como fizemos obstinadamente nos últimos cinco anos) os
vários argumentos que podemos apresentar em Bruxelas, oportunidades
que se encontram inscritas na Política Agrícola Comum. Não estou a
defender que a Roménia seja apenas o celeiro da Europa, mas que a
Roménia seja hábil em matéria de política externa. Mas talvez não
queiramos fazer isso, caso em que, evidentemente, tudo se torna muito
mais simples. Ficamos como estamos e pagamos o preço dessa posição.

Terrenos de ervas daninhas

Enquanto, na Roménia, há mais de uma década que vastas extensões de
terrenos são deixadas às ervas daninhas, enquanto nos tornamos um país
cada vez mais dependente de dispendiosas importações em todos os
domínios da produção agrícola, os europeus procuram formas de obter
produtos agrícolas baratos e cuja produção respeite o ambiente. Era
precisamente isso que nós poderíamos fornecer, a bom preço, desde que
soubéssemos ou quiséssemos promover aquilo de que dispomos neste mesmo
momento, investindo num sistema nacional de pequenas explorações,
apoiado por um banco nacional de crédito agrícola.

Neste domínio, travar-se-á uma das batalhas mais cruéis do ano de 2013
e, para mais, nós temos hipóteses de fazer parte dos vencedores, pois
a outra grande região agrícola, a Ucrânia, está esgotada por graves
problemas políticos e não tem, como nós, a vantagem de fazer parte da
UE.


"Os fenómenos meteorológicos extremos de 2012 reduziram
consideravelmente a produção agrícola em todo o mundo", refere o
Evenimentul Zilei.

Alguns agricultores foram à falência, outros souberam tirar partido da
situação, obtendo ganhos notáveis com culturas como o milho e a soja,
cujos preços aumentaram de forma espetacular.
Mas os agricultores romenos não tiveram essa oportunidade, acrescenta
este diário, porque, no mercado interno, o preço de venda do milho é
inferior ao custo de produção. Isso deve-se a reservas suficientes de
2011, "que vão provavelmente acabar por ser exportadas", apesar de,
"em 2012, a produção ter sido sensivelmente reduzida pela seca, em
cerca de 60% em relação ao ano anterior". Por outro lado, "nos últimos
anos, as áreas cultivadas com soja são cada vez mais reduzidas, sendo
a procura satisfeita principalmente através da importação".

As previsões dos analistas para 2013 são bastante sombrias, salienta o
mesmo diário: "os especialistas da Merrill Lynch receiam o pior e
anunciam que, em 2013, a produção de trigo será muito baixa, a nível
mundial. […] O Goldman Sachs prevê mesmo uma majoração dos preços" do
trigo e do milho, nos seis primeiros meses do ano.

http://www.presseurop.eu/pt/content/article/3241561-e-se-romenia-se-tornasse-o-celeiro-da-europa?xtor=RSS-9

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