domingo, 6 de dezembro de 2015

Portugal perdeu mais de um quarto das empresas agrícolas em dez anos

ANA RUTE SILVA 26/11/2015 - 17:58

Entre 2003 e 2013, a redução foi de 26,4%, um pouco abaixo da média da UE. Apesar de existirem menos empresas, há mais concentração de propriedades.

 
É na Roménia que se encontra o maior número de empresas do sector da agricultura PATRÍCIA MARTINS

Entre 2003 e 2013, desapareceram 26,4% das empresas agrícolas em Portugal. De acordo com dados do Eurostat, divulgados nesta quinta-feira, em 2013 havia um total de 264 mil empresas agrícolas no país, que representam apenas 2,4% no universo dos Estados-membros, onde há quase 11 milhões de sociedades neste sector. A superfície agrícola utilizada em Portugal também caiu, mas em menor escala (-2,2%, para 3 milhões e 642 mil hectares), o que significa que a concentração no sector aumentou, com a área média explorada por empresa a aumentar de 10,4 hectares para 13,8 hectares no período em análise.

A nível europeu a tendência é semelhante. Em dez anos, uma em cada quatro empresas agrícolas desapareceu, mas a uperfície agrícola utilizada para o cultivo permaneceu praticamente estável. "Isto significa que houve um aumento da concentração agrícola com a média de hectares detidos por empresas a aumentar 38%, de 11,7 hectares para 16,1 hectares", detalha o gabinete de estatísticas da União Europeia.

É na Roménia que se encontra o maior número de empresas do sector da agricultura: representam 33,5% do total da UE, o equivalente a 3,7 milhões. Segue-se a Polónia, Itália e Espanha. Com excepção da Irlanda, todos os outros países perderam empresas agrícolas. Só a Eslováquia e a Bulgária perderam mais de metade das suas sociedades.

Juntas, França e Espanha utilizam quase 30% de toda a superfície agrícola utilizada na UE. No lado oposto estão Chipre, Áustria e Eslováquia que reduziram a percentagem de terreno usado para cultivo entre 2003 e 2013. Quanto à dimensão das propriedades, a maiores estão localizadas na República Checa e no Reino Unido.

Portugal destaca-se como o país onde há mais agricultores acima dos 65 anos, realidade que se mantém nos últimos anos e que o INE também sublinhou o ano passado no seu Inquérito à Estrutura das Explorações a Agrícolas. Mais de metade dos produtores portugueses têm mais de 65 anos e não há nenhum outro país europeu que acompanhe Portugal nesta tendência. O mais próximo é a Roménia, com 41% dos agricultores com idade superior a 65 anos. A média da UE é de 31,1%, o que significa que, em termos globais, a maior fatia dos produtores está nesta faixa etária.

Apenas 6% dos agricultores na UE tem menos de 35 anos (em Portugal a percentagem é 2,5%) e 15,2% com idades compreendidas entre 35 e 44 anos. A maior fatia de jovens produtores da Europa está na Polónia e na Áustria.

Quando caracterizou o perfil dos agricultores portugueses, o INE concluiu que a maioria é do sexo masculino e, em média, trabalha 21,3 horas por semana. São poucos os que laboram a tempo inteiro. Um quarto declara ter outras "actividades lucrativas exteriores à exploração" o que, entre os produtores com menos de 40 anos acontece em 59,3% dos casos.

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