domingo, 18 de dezembro de 2011

Alto Douro Vinhateiro Património Mundial

OPINIÃO

João Dinis

A 14 de Dezembro fez dez anos que a UNESCO consagrou o Alto Douro
Vinhateiro como Património Mundial.
O Alto Douro Vinhateiro deve continuar a ser Património Mundial mas em
primeiro lugar também deve ser património dos Durienses e de Portugal.
Assim, os principais construtores do Alto Douro Vinhateiro - os
pequenos e médios Vitivinicultores Durienses (e os assalariados
agrícolas) - também devem obter benefícios concretos com a
classificação da UNESCO.

Porém, só nos últimos 10 anos - afinal tantos anos quantos tem o
Património Mundial - acontece que os rendimentos dos Vitivinicultores
Durienses baixaram muito, muito mesmo, e baixando os rendimentos dos
Vitivinicultores é toda a Região Demarcada do Douro que perde e que
baixa de nível de vida.
Ora, é esta tendência que é urgente inverter.
Para isso, é necessário que aumentem os preços à Produção dos Vinhos
do Douro e do Generoso/Porto. É necessário que os pequenos e médios
Vitivinicultores tenham mais "Benefício" - quantidade de Mosto de Uvas
do Douro que cada Lavrador ou empresa pode anualmente transformar em
Vinho Fino ou Generoso/Porto. E, entre mais coisas, é também
necessário que a Casa do Douro - a histórica instituição da Lavoura
Duriense - seja respeitada e apoiada pelos Órgãos de Soberania, e não
continue a ser vítima de destruição oficial e oficializada, o que só
tem contribuído para abandonar e sujeitar a Produção à "ditadura" de
interesses das grandes casas exportadoras do Vinho do Porto.
Ora, há organizações representativas como a AVIDOURO, Associação dos
Vitivinicultores Independentes do Douro, e a CNA que têm reclamado
isso mesmo e que continuam a reclamar ao Governo um Plano de
Emergência para acudir à Região Demarcada do Douro e à Vitivinicultura
em especial.
Outras organizações há que falam sobre o Douro mas, aí, uma vez de dez
em dez anos; que como pouco ou nada percebem sobre o Douro em resumo
dizem aquilo que outros interesses ( os das empresas exportadoras)
lhes sugerem que digam. Aliás como infelizmente têm feito os
principais governantes de há já alguns anos para cá…e como tendem para
fazer os actuais governantes.
Quanto ao programa já divulgado para se assinalar institucionalmente
os 10 anos do Alto Douro Vinhateiro como Património Mundial, apontamos
duas grandes contradições:
- A primeira é que vão participar algumas entidades e alguns
intervenientes, tais como antigos e actuais governantes, que têm
pesadas responsabilidades pela situação de grave crise em que se
encontra mergulhada a Região Demarcada do Douro.
- A segunda é que os Vitivinicultores e suas organizações mais activas
estão a ser excluídos desse programa.
Ora, isso é muito mau sinal. É sinal de que, assim, não se defende ou
promove nem o Alto Douro Vinhateiro nem toda a Região Demarcada do
Douro. E que, tal como está concebido, o programa das "comemorações"
dos 10 anos do Alto Douro Vinhateiro como Património Mundial, pode vir
a ser um desfile de conversas floreadas mas, as mais das vezes, em
torno do "sexo dos anjos" ...
BARRAGEM DO FOZ TUA
Compete ao Estado e ao Governo tudo fazerem para salvaguardar os
vários interesses em presença:- o ambiente, a paisagem, a produção de
energia e de regadios, o património mundial, a linha de caminho de
ferro do Tua e a Vitivinicultura da região. E isso é possível caso o
Governo não ceda aos interesses económicos da grande indústria
hidro-eléctrica.
16 Dezembro 2011
João Dinis
http://www.agroportal.pt/a/2011/jdinis6.htm

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