sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Ribeiro Telles defendeu em Querença o "regresso ao campo"

23.12.2011
Idálio Revez
O mundo rural prestou ontem homenagem ao arquitecto Gonçalo Ribeiro
Telles em Querença - uma aldeia que há cerca de três meses acolheu um
grupo de nove jovens licenciados e com mestrados da Universidade do
Algarve, com a missão de "dar a volta" ao estado de despovoamento do
interior algarvio, passando a viver e trabalhar na comunidade local.
A apresentação da fotobiografia de Ribeiro Telles, da autoria de
Fernando Pessoa, um arquitecto paisagista que vive no Algarve e tem
participado na defesa do ambiente, foi o pretexto da homenagem, na
sede da Fundação Manuel Viegas Guerreiro.

Em Querença, Ribeiro Telles manifestou-se "muito satisfeito" com o
trabalho dos jovens universitários. "Tomara eu que em todas as
freguesias deste país houvesse um projecto como o de Querença,
infelizmente não existe. (...) Portugal vive um problema gravíssimo de
despovoamento." O projecto na aldeia recebeu esta semana um subsídio
no valor de 12 mil euros da Fundação Calouste Gulbenkian. "É o
reconhecimento do trabalho pioneiro que está a ser desenvolvido",
comentou António Covas, coordenador científico do projecto.
A presença de Ribeiro Telles no interior algarvio permitiu ainda
lançar um olhar cruzado sobre o que se passa na orla costeira, em
contraponto à serra abandonada. "Assistimos a uma pressão tremenda do
imobiliário no litoral e a um interior desertificado", começou por
constatar o presidente da Câmara de Loulé, Seruca Emídio, pedindo ao
antigo ministro que há 40 anos lançou as leis de bases do ordenamento
do território e do ambiente para que "aponte" um novo rumo. A
resposta, previsível, foi a defesa do "regresso ao campo".
A criação das hortas urbanas - uma cruzada que o arquitecto paisagista
encetou há décadas - é uma ideia que já foi adoptada pelos decisores
políticos. "Mas isso foi um preâmbulo", afirmou ao PÚBLICO,
sublinhando que "agora temos de voltar ao problema da agricultura." No
caso do Algarve, lembrou ainda que os desequilíbrios que se vivem na
região, não são fruto do turismo: "O problema foi o planeamento."
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