Também para o produtor, os Bafarela 17 são vinhos de paixão. Têm
carácter Douro e resumem em si a expressão do terroir que lhes dá
origem. Numa parcela conhecida por Bafarela, no vale do rio Torto,
situada numa zona muito abrigada e de grande exposição solar, a
maturação das uvas ocorre sob um calor sufocante e teores de humidade
muito baixos. Uvas com elevada concentração de açúcares e produções
baixíssimas - inferiores a 2000 litros por hectare -, são a resposta
das videiras a estas condições. Na composição do Bafarela 17, estão a
Touriga Franca, a Tinta Roriz e a Tinta Barroca.
Foi o acaso que ditou o nascimento deste vinho. O primeiro Bafarela 17
foi feito com Touriga Franca, uma casta que muitas vezes tem
dificuldade em atingir elevadas graduações. Mas, naquele ano - em 2004
-, as uvas apresentavam essa graduação e o produtor e a equipa de
enologia (Duplo PR) decidiram arriscar e fazer um vinho diferente.
"Depois de as uvas entrarem nas cubas, quando fizemos a segunda
remontagem, medimos a densidade e apercebemo-nos que o teor alcoólico
potencial estava a disparar... Quando nos apercebemos que tínhamos um
vinho com 17 graus, decidimos arriscar", confessa Pedro Sequeira, da
equipa de enologia Duplo PR. "Era algo completamente novo para nós.
Não conhecíamos ninguém que tivesse feito um vinho com 17 graus",
conclui.
O Bafarela 17 rompeu com a prática: "Inicialmente o Instituto dos
Vinhos do Douro e Porto não queria aprovar este vinho por ter 17
graus, mas depois chegaram à conclusão que era possível", refere a
dupla de enólogos, António Rosas e Pedro Sequeira. "Havia quem
dissesse que não era possível fazer um vinho de mesa com 17 graus",
sublinham. O vinho chegou ao mercado em 2006 e rapidamente conquistou
adeptos.
Para a dupla de enologia Duplo PR, o Bafarela 17 vai buscar as suas
raízes à "infância" dos vinhos do Vale do Douro, na pureza primitiva
de vinho seco e aromático. Gaspar Martins Pereira, conhecido
historiador, reconhece que este era o perfil dos vinhos defendidos
pelo próprio Barão de Forrester (século XVIII), um inglês que se
notabilizou pela sua dedicação ao Douro e pela defesa intransigente da
qualidade dos vinhos do Douro.
Numa comunicação que fez em 1992 - Na Infância de um Grande Vinho:
Entre o "Vinho de Pé" e o "Port-Wine" - Gaspar Martins Pereira recorda
a história dos vinhos do Porto antes da aguardentação:
"Na sua longa evolução até atingir a maturidade, tal como actualmente
o conhecemos, o Vinho do Porto estava ainda próximo da infância, na
pureza primitiva de vinho seco, velho e aromático. O uso da aguardente
na fermentação, para evitar o desdobramento da glucose e atingir maior
doçura, não se tinha ainda generalizado. Só em meados do século
passado, o "novo sistema" de vinificação, como então se denominava, se
tornaria prática corrente." (in , Gaspar Martins Pereira, 1992).
Fonte: Greengrape
http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2011/04/15.htm
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