sexta-feira, 15 de abril de 2011

Especialista defende modelo "mais especializado" no combate em meio florestal

NCÊNDIOS/VILA REAL
por Lusa13 Abril 2011
O investigador da Universidade de Vila Real Paulo Fernandes defendeu
hoje um novo modelo "mais especializado" nos incêndios em meio
florestal e revelou-se despreocupado com a anunciada redução de meios
porque diz ser preciso "racionalizar" o combate.
A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) investiga os
incêndios de forma contínua desde 1983.

"É difícil perceber se, em Portugal, mais meios correspondem a menos
área ardida. A impressão que eu tenho é que temos claramente meios a
mais. Portugal tem mais carros de bombeiros que os Estados Unidos, um
país muito maior e onde arde mais", afirmou à Agência Lusa Paulo
Fernandes.
A UTAD participou em 2008 na avaliação do desempenho dos meios de
combate a grandes incêndios, o chamado ataque ampliado, mas, segundo o
investigador, não se conseguiu "perceber se havia relação entre os
meios utilizado e a dimensão final".
O professor do Departamento de Ciências Florestais diz que é preciso
apostar num novo modelo de combate: "Separar o combate a incêndios
para proteger pessoas e defender povoações, que continua a ser o mais
importante, mas desenvolver formas e meios de combater os fogos na
floresta".
O modelo atual, segundo referiu, "é mais de proteção civil do que
proteção florestal".
"Muitas vezes, o que se faz é basicamente proteger as infraestruturas
e as casas. Os meios ficam nas estradas à espera do fogo", referiu.
Este não é, segundo salientou, um problema "só português". No entanto,
sublinhou que se nota muito no país devido à inexistência de mais
equipas especializadas no combate aos fogos florestais.
Paulo Fernandes ressalvou os avanços que já se verificaram com a
criação das equipas de sapadores florestais, dos bombeiros canarinhos
e do Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro (GIPS) da GNR.
O investigador diz que é preciso uma "maior racionalização do combate".
"É possível fazer melhor com aquilo que temos", afirmou.
O combate, acrescentou, pode ser feito com recurso a mais equipamento,
e não tanto uso da água, ao uso do contra fogo e a um maior
conhecimento do comportamento dos incêndios.
"Existe muito pouco em Portugal. O conhecimento do comportamento do
fogo é que devia determinar todas as táticas e estratégias de
combate", salientou.
Quanto a previsões para este ano, o investigador salientou que "aquilo
que arde é muito influenciado pelas condições meteorológicas
imediatas".
Já para o presidente da Câmara de Boticas, Fernando Campos, as
previsões para esta época de incêndios "são negras".
"O Governo vai reduzir de uma forma muito significativa os apoios para
os meios de combate aos incêndios. E isso significa mais fogos, mais
prejuízos, mais vidas humanas em perigo e património florestal
depauperado", salientou.
Em 2010, o concelho de Boticas foi um dos concelhos do distrito de
Vila Real mais afetado pelos incêndios.
O autarca lamentou que, até ao momento, não se tenham verificado
avanços nos projetos de rearborização da área ardida.
http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1829349&page=-1

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