sábado, 30 de julho de 2011

Associações da fileira do porco pedem audiência urgente à Ministra da Agricultura

As três associações da fileira do porco - APIC, IACA e FPAS -
solicitaram uma reunião com carácter de muita urgência à Ministra da
Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território
(MAMAOT), tendo enviado um texto na manhã de 2ª feira, dia 25, para o
Gabinete da Dr.ª Assunção Cristas. Damos aqui como reproduzido o seu
conteúdo:
Com cerca de 50 000 explorações, a suinicultura é uma das actividades
mais importantes da produção pecuária em Portugal e esta Fileira
movimenta um volume de negócios conjunto da ordem dos 2 000 milhões de
€ e emprega mais de 60 000 trabalhadores, se considerarmos a indústria
dos alimentos compostos para animais, a produção de suínos e a
indústria de carnes. Em muitas zonas do país, a Fileira do Porco é a
actividade económica de referência e garante, directa ou
indirectamente, o desenvolvimento e sustentabilidade das populações e
do respectivo território.

Por outro lado, como já é do conhecimento de Vossa Excelência, a
alimentação animal representa o principal custo da produção de suínos,
na ordem dos 70%. No último ano, os mercados das matérias-primas têm
registado um aumento de preços e uma excessiva volatilidade (no caso
dos cereais, em níveis superiores a 60%), com reflexos no aumento dos
preços dos alimentos compostos para animais. Para além das
matérias-primas, os preços da energia, entre outros consumos
intermédios, têm acompanhado esta tendência e os custos de produção
não têm parado de aumentar.
Infelizmente, consequência da pressão das importações de carne e de
animais para abate, da quebra do consumo e da relação, profundamente
desequilibrada, com as cadeias de distribuição alimentar, não tem sido
possível repercutir os aumentos de custos nos preços ao consumidor
final e as margens têm sido negativas desde há vários meses. Os preços
ao produtor estão praticamente estabilizados há 20 semanas, com
valores bastante abaixo dos respectivos custos de produção. Os
suinicultores não conseguem remunerar a sua actividade e os prazos de
pagamento dos alimentos são cada vez mais dilatados. As unidades de
alimentos compostos, tradicionais financiadores da pecuária, já não
conseguem suportar esta situação e elas próprias, com dificuldades no
acesso ao crédito bancário, estão confrontadas com prazos cada vez
mais apertados na compra de matérias-primas.
A indústria de carnes também não consegue remunerar os produtores e
está confrontada com os baixos preços decorrentes das importações,
enfrentando custos acrescidos na sua produção, prazos de recebimento
cada vez mais longos e enormes dificuldades no acesso ao crédito. A
situação é verdadeiramente dramática e sucedem-se as insolvências. A
cada semana que passa existem mais explorações vazias e outras a serem
entregues como activos, extraordinariamente desvalorizados, às
unidades de alimentação animal. A tão desejada melhoria da capacidade
exportadora nacional, que deve ser potenciada pela indústria
agro-alimentar. será naturalmente posta em causa, porque não existirá
produção nacional de apoio.
Descapitalizada e num clima de asfixia financeira, sem perspectivas de
inversão desta tendência e de melhoria da conjuntura, muitas unidades
fabris e explorações pecuárias irão encerrar no muito curto prazo (de
acordo com a FPAS poderão vir a fechar 50% do universo das actuais
explorações), arrastando toda a Fileira – e, indirectamente outras
actividades – aumentando o desemprego, a nossa dependência externa e
acentuando as dificuldades de muitas famílias em todo o País em termos
económicos e sociais.
Independentemente dos pedidos de audiência das Associações a nível
individual, vimos por este meio, em nome da IACA, FPAS e APIC, tendo
em conta a gravidade e dramatismo da situação, solicitar a Vossa
Excelência uma audiência conjunta com carácter urgente, no sentido de
debatermos os problemas do Sector e as soluções que preconizamos.
Vivemos uma situação verdadeiramente excepcional e o Sector não pode esperar.
Portugal precisa desta Fileira e nós queremos contribuir para o Futuro do País.
Certos de que partilhará destas nossas preocupações, ficaremos a
aguardar a resposta de Vossa Excelência, tão breve quanto possível.
Com os melhores cumprimentos,
No entanto, e ainda que o tema tenha contornos de enorme gravidade,
foi a Direcção da FPAS informada que a Ministra dificilmente teria
agenda para os receber . . . . antes de Setembro. Face a esta
situação, e mais uma vez em conjunto com a IACA, envidaram todos os
esforços para, em alternativa, virem a ser recebidos pelo Secretário
de Estado da Agricultura, o que veio a confirmar-se ontem mesmo, com a
marcação de uma audiência para o dia 10 de Agosto.
Fonte: FPAS
http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2011/07/29c.htm

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