quinta-feira, 28 de julho de 2011

Programa Alimentar Mundial inicia ponte aérea para levar ajuda à Somália

Banco Mundial já adiantou a entrega de 350 milhões de euros
26.07.2011 - 12:04 Por Carla Guerreiro Santos
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O Programa Alimentar Mundial (PAM) vai enviar alimentos por via aérea
para a Somália, anunciou a directora da agência das Nações Unidas,
Josette Sheeran.
Milhares de pessoas fogem para a capital em busca de alimentos (Feisal
Omar/Reuters)

Este vai ser o primeiro transporte aéreo de comida desde que as Nações
Unidos declararam a fome em duas áreas da Somália, na semana passada.
O ministro dos Negócios Estrangeiros somali, Mohamed Ibrahim, alertou
durante o encontro de emergência em Roma que mais de 3,5 milhões de
pessoas "podem morrer de fome" no seu país.
Um porta-voz do PAM na capital queniana Nairobi, David Orr, declarou à
AFP que o avião deverá partir ao meio-dia. "Se não for hoje será na
quarta-feira", assegurou. O avião vai transportar 14 toneladas de
alimentos altamente nutritivos, utilizados nos tratamentos contra a
desnutrição infantil. Estão planeados outros voos para Mogadíscio nos
próximos dias e também para outras cidades etíope de Dolo e queniana
de Wajir, junto à fronteira com a Somália.
Os islamistas, que controlam a maior parte da Somália, proibiram a
entrada do PAM nas suas áreas. As milícias Al-Shabab, que terão
ligações à al-Qaeda, acusaram as organizações de terem um cariz
político e por isso interditam a passagem nos territórios que
controlam.
Josette Sheeran afirmou que a ajuda alimentar será enviada para a
capital, Mogadíscio, onde o governo interino, apoiado por uma força de
manutenção de paz da União Africana, controla apenas algumas partes da
cidade. Sheeran também esteve presente na reunião de Roma, depois de
ter visitado a capital somali e o campo de refugiados de Dadaab, no
Quénia.
"Vimos crianças chegarem tão fracas que muitas delas estavam num grave
estado de malnutrição e com poucas possibilidades – menos de 40 por
cento - de sobreviverem", relatou a líder do Programa Alimentar
Mundial. "Estamos a falar de vidas que têm de ser preservadas, e não
de política."
Dezenas de milhares de somalis têm fugido das áreas das Al-Shabab para
Mogadíscio ou para os países vizinhos como o Quénia e a Etiópia, à
procura de comida. Porém, o ministro dos Negócios Estrangeiros somali
adiantou que as zonas com maiores necessidades são as controladas
pelas milícias.
O director da organização humanitária internacional Goal, John
O'Shean, disse à BBC que a resposta das Nações Unidas à crise política
na Somália apenas a agravou. O'Shean considera que o Conselho de
Segurança deveria ter enviado forças de manutenção da paz para pôr fim
aos conflitos na Somália que duram há anos. No entanto, no país estão
apenas cerca de 9200 soldados da União Africana, quando estavam
previstos 20 mil, todos em Mogadíscio.
O ministro da Agricultura francês, Bruno Le Maire, explicou no
encontro que teve lugar na sede em Roma da FAO (Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e Agricultura) que o mundo "falhou na
garantia da segurança alimentar."
"Se não tomarmos as medidas certas, a fome vai ser o escândalo do
século", disse Le Maire, citado pela AFP.
Entretanto, o Banco Mundial já adiantou a entrega de 350 milhões de
euros para ajudar a combater a crise na Somália e serão distribuídos
cerca de oito milhões para assistência imediata nas zonas mais
críticas. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pediu aos
países doadores que fornecessem 1100 milhões de euros adicionais, e
uma conferência de doadores vai realizar-se na amanhã em Nairobi,
capital do Quénia.
Desde o início do mês de Julho que cerca de 40 mil pessoas fogem da
fome em direcção a Mogadíscio em busca de água e comida, informou na
sexta-feira a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os
Refugiados (ACNUR), Vivian Tan, numa conferência de imprensa. "Outros
30 mil chegaram ao acampamento a 50 quilómetros do centro da capital."
Tan acrescentou que diariamente recebem um milhar de pessoas em
Mogadíscio, onde os alimentos não são suficientes para tanta gente.
"Isto provoca sérias disputas e também saques", disse a organização.
"O resultado é que muitas pessoas, sobretudo as mais fracas e
vulneráveis, acabam por ficar de mãos vazias apesar dos esforços das
organizações de ajuda humanitária", disse o ACNUR. A actual seca no
Corno de África, a pior dos últimos 60 anos, já matou dezenas de
milhares de pessoas e ameaça a vida de mais 12 milhões na Somália,
Quénia, Etiópia, Djibouti, Sudão e Uganda.
http://www.publico.pt/Mundo/programa-alimentar-mundial-inicia-ponte-aerea-para-levar-ajuda-a-somalia_1504757?all=1

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