terça-feira, 21 de agosto de 2012

Apicultores queixam-se de ano "péssimo" com perdas de quase um terço da produção nacional

A produção nacional de mel sofreu este ano uma quebra de 30 por cento,
sendo a região do Algarve, a maior produtora nacional, a mais afectada
com perdas quase totais em algumas zonas.

Os dados foram avançados pelo presidente da Federação Nacional dos
Apicultores de Portugal (FNAP), Manuel Gonçalves, em Bragança, na
Feira do Mel de Trás-os-Montes, onde alguns apicultores classificaram
2012 como "um ano péssimo e atípico".

A seca e o frio tardio na primavera são apontados como os causadores
do declínio da produção nacional de mel que em algumas zonas do
Algarve registou quebras na ordem dos 80 por cento, segundo avançou o
presidente da FNAP.

Manuel Gonçalves explicou à Lusa que as zonas mais baixas foram as
mais afectadas, com metade da produção perdida, em média, enquanto nas
zonas de montanha se regista "uma produção normal".

Contas feitas, a federação estima um "impacto a nível nacional na
produção global com quebras de 30 por cento".

"É um mau ano de produção apícola e muito mau para os apicultores das
zonas onde a predominância da floração é rosmaninho", afirmou Manuel
Gonçalves.

A produção média anual de mel ronda as 10.800 toneladas, que
representam um negócio superior a 29 milhões de euros em que a procura
é superior à oferta.

A federação tem registadas, em Portugal, 600 mil colmeias de 17 mil
apicultores, mil dos quais profissionais que vivem exclusivamente
desta actividade e detém 40 por cento do total das colmeias nacionais.

A actividade é rentável, assegurou o dirigente, adiantando que "um
apicultor com 350 colmeias, o patamar mínimo de rentabilidade de uma
exploração apícola, consegue tirar um vencimento, para ele e outra
pessoa, na ordem dos mil euros, amortizar o investimento e no final de
seis anos tem tudo pago".

Vários apicultores presentes na feira do mel, em Bragança,
corroboraram a rentabilidade da apicultura e também o "ano péssimo,
atípico" com que estão confrontados.

José Carneiro, da Associação de Apicultores do Nordeste e da
Cooperativa dos Produtores de Mel da Terra Quente Transmontano, estima
perdas na região "na ordem dos 30 a 40 por cento e uma diminuição dos
efectivos de abelhas na mesma ordem, devido à fome e mortalidade
precoce provocada pela falta de alimentação".

"Foi um ano péssimo. Desde que sou apicultor, há mais de 30 anos, não
me recordo de um assim: completamente atípico", declarou.

Também Jorge Fernandes, apicultor de Vimioso garantiu à Lusa que, em
12 anos de actividade este "foi o pior, extremamente difícil".

Às adversidades do tempo juntaram-se os incêndios que afectaram um
apiário a este produtor que se queixou da falta de "medidas/apoios
para contrariar os efeitos negativos".

Jorge Fernandes começou n a apicultura por lazer e investiu, nos
últimos quatro anos, mais de 350 mil euros numa empresa que exporta
mel de mil colmeias para França, Alemanha e fora da União Europeia,
vende equipamento para a actividade e presta serviços a apicultores.

O apicultor garantiu que a produção que tem "não é suficiente para a procura".

Também José Luís, de Miranda do Douro, começou por ajudar o pai há dez
anos e tem hoje mil colmeias que produzem mel exportado para uma
empresa farmacêutica alemã.

Vive exclusivamente da apicultura e assegura também que "é rentável",
mas avisa que "é preciso trabalhá-la".

"Há muita gente e muitos jovens a pensarem: vou fazer um projecto de
apicultura que é uma cosia fácil, põe-se as colmeias ali atrás da
parede e a gente depois vai lá tirar-lhe o mel. Assim não é rentável",
alertou.

Fonte: Lusa

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2012/08/21.htm

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