terça-feira, 21 de agosto de 2012

Num ano agrícola fortemente marcado pela seca, a produção cerealífera é a mais baixa desde 2005

Culturas de Primavera/Verão apresentam um desenvolvimento vegetativo normal

As previsões agrícolas do INE, em 31 de Julho, apontam para quebras
significativas na produtividade dos pomares de pêra, maçã e pêssego,
resultado das condições climatéricas adversas na altura da
floração/polinização (frio e geada). Na cereja a diminuição da
produção foi mais evidente nas variedades precoces devido aos
prejuízos causados pelas chuvas de Abril e Maio. A campanha dos
cereais de Outono/Inverno saldou-se por quebras expressivas,
fundamentalmente devido à seca, situação que também afectou a batata,
especialmente a de sequeiro.
De um modo geral, as culturas de Primavera/Verão apresentam um
desenvolvimento vegetativo normal para a época, pelo que não se
prevêem quebras de produtividade, devendo o tomate para a indústria
recuperar o rendimento para valores próximos dos habituais, após a má
campanha de 2011. Na vinha, prevê-se também alguma recuperação face ao
ano anterior, com aumentos de produtividade de 5% na uva para vinho e
de 10% na uva de mesa.




O mês de Julho caracterizou-se, em termos meteorológicos, por valores
de temperatura próximos dos normais para época. Relativamente à
precipitação, o mês classificou-se como seco a extremamente seco em
quase todo o território. Estas condições contribuíram para a
manutenção da situação de seca meteorológica que, no final do mês,
colocavam 58% do território nacional em seca extrema e 26% em seca
severa.

A ausência prolongada de humidade nos solos começa a afectar as
culturas permanentes de sequeiro, que já evidenciam indícios de stress
hídrico, e tem obrigado ao aumento da frequência de rega nas culturas
de regadio. Desta forma, o potencial produtivo das culturas de
Primavera/Verão no actual ano agrícola é ainda incerto.

Os trabalhos agrícolas da época, nomeadamente a realização das ceifas
dos cereais e o corte dos fenos, decorreram sem contratempos. Os
alimentos forrageiros produzidos este ano já estão a complementar a
alimentação animal. De referir que a situação de seca condicionou a
reposição dos stocks de alimentos grosseiros (palhas, silagens e
fenos), pelo que o impacto da seca poderá estender-se à próxima
campanha, particularmente se não ocorrer precipitação até ao início do
Outono.

A superfície de milho de regadio mantém-se próxima dos 90 mil hectares
A superfície de milho para grão de regadio deverá ser idêntica à de
2011, ficando próxima dos 90 mil hectares. O impulso proporcionado
pelos novos regadios e pelas atractivas cotações internacionais do
milho foi atenuado pela redução das disponibilidades de água para rega
nos regadios privados do Sul, levando muitos produtores a reduzirem as
áreas ou mesmo a não efectuarem esta cultura, muito exigente em termos
hídricos As sementeiras decorreram com normalidade, ainda que com
algum atraso, apresentando as plantas um bom desenvolvimento
vegetativo.

Produtividades do milho de sequeiro e do arroz sem alteração
O milho para grão de sequeiro apresenta um desenvolvimento vegetativo
regular, tendo em conta os condicionalismos climatéricos, prevendo-se
a manutenção do rendimento unitário, face ao ano anterior. Também a
produtividade do arroz deverá manter-se semelhante à do ano anterior,
cerca de 5 855 kg/hectare.

Rendimentos unitários da batata de regadio baixam
O rendimento unitário da batata de regadio deverá decrescer (-5%),
justificado sobretudo pela menor disponibilidade hídrica ao longo do
seu ciclo vegetativo. De referir que a instabilidade meteorológica tem
favorecido o desenvolvimento de doenças criptogâmicas na batata, o que
se traduz no aumento do número de tratamentos preventivos a efectuar e
no respectivo acréscimo dos encargos.

Produtividade do tomate para a indústria acima das 82 toneladas/hectare
Após o mau ano de 2011, as perspectivas para a actual campanha do
tomate para a indústria afiguram-se animadoras. As plantas apresentam
um desenvolvimento regular e, exceptuando casos pontuais de ataques do
vírus do bronzeamento do tomateiro, não foram assinalados problemas
fitossanitários de relevo. Assim, prevê-se que o rendimento unitário
seja superior a 82 toneladas/hectare, valor acima da média do último
quinquénio. Quanto ao girassol, não se prevêem alterações na
produtividade face ao ano anterior.

Mau ano para os pomares de pomóideas
Nos pomares de pomóideas, os frutos encontram-se em fase de
crescimento, apresentando um bom estado vegetativo. No entanto, as
dificuldades ocorridas na fase de floração/polinização e a diminuição
das temperaturas à época do vingamento, acabaram por afectar
negativamente as produtividades. Na maçã, a principal região afectada
foi Trás-os- Montes, com quebras de produtividade que ultrapassam os
30%, face a 2011, o que se traduz num decréscimo do rendimento
unitário a nível nacional de 15%. Para a pêra, todavia, as reduções
são generalizadas a todas as regiões. Num ano de contra-safra (após
uma campanha recorde em 2011, onde se atingiram produtividades médias
superiores a 21 toneladas/hectare), as baixas temperaturas na época da
floração levaram a uma redução significativa do número de frutos
vingados. Desta forma prevêem-se decréscimos da produtividade da ordem
dos 30% face a 2011 e de 11% relativamente à média do último
quinquénio.

Pomares de pessegueiro menos produtivos
Nos pomares de pessegueiros, as cultivares semiprecoces e semitardias
estão já na fase de maturação dos frutos. A ocorrência de condições
climatéricas adversas em períodos sensíveis do ciclo cultural,
particularmente na Beira Interior onde esta cultura assume particular
importância, afectou o respectivo rendimento unitário prevendo-se,
face à campanha passada, um decréscimo de 10%.

Rendimento unitário das vinhas aumenta
Algumas vinhas para vinho apresentam sintomas de míldio e também de
black-rot essencialmente no Minho e escaldão nas regiões do Tejo,
Lisboa e Península de Setúbal. Todas as regiões apontam para um ano de
boa qualidade, prevendo-se um aumento de produtividade de 5%. De
referir ainda os prejuízos pontuais causados pelo granizo nos
municípios de Sabrosa e de São João da Pesqueira. Quanto à uva de
mesa, mantêm-se as previsões de um aumento de 10% na produtividade,
face a 2011, com as videiras a apresentarem um bom desenvolvimento
vegetativo e os cachos a mostrarem-se bem formados e firmes.

Amêndoa: campanha decorre com normalidade
Os amendoais apresentam os frutos já completamente desenvolvidos com a
casca exterior (pele) aberta. Apesar do avançado estado de
desenvolvimento dos frutos, ainda subsistem incertezas quanto ao
potencial produtivo para esta campanha. Ainda assim, as actuais
previsões apontam para um decréscimo de 5% comparativamente ao ano
anterior.

Produção de cereais de Outono/Inverno em queda pelo 4º ano consecutivo
A colheita dos cereais praganosos de Outono/Inverno encontra-se
praticamente concluída. As produções confirmam as fracas expectativas
previstas ao longo da campanha, com quebras face a 2011 que atingem os
30% no triticale, 25% na aveia, 20% no trigo mole, trigo duro e
centeio e 15% na cevada. Estas reduções são consequência da diminuição
das áreas semeadas e da quebra das produtividades originada pelas
condições climatéricas extremamente adversas que se verificaram ao
longo da campanha. De referir, contudo, que nas searas instaladas mais
tardiamente, o desenvolvimento vegetativo foi quase normal, já que
beneficiaram da precipitação ocorrida nos meses de Abril e Maio. Por
todo o território, verificou-se o desvio de algumas searas
inicialmente destinadas à produção de grão, para obtenção de fenos e
palhas, tendo ainda sido frequente o seu pastoreio.

Produção de batata de sequeiro inferior em 15%
A batata em regime de sequeiro foi consideravelmente afectada pela
situação de seca meteorológica verificada no início do ciclo
vegetativo, o que levou mesmo a situações de abandono da cultura e
nalguns casos à reconversão do sistema produtivo para regadio. Por
outro lado, alguns ataques mais fortes de traça, levaram à perda de
grande quantidade de tubérculos. Desta forma prevê-se uma quebra da
produção que deverá atingir os 15%, comparativamente a 2011.

Produção de cereja cai 25%
A apanha de cereja terminou esta campanha mais tardiamente, pelo facto
de não ter ocorrido no mês de Junho períodos longos com elevadas
temperaturas que acelerassem a maturação. Apesar de em Trás-os-Montes
e no Entre- Douro-e-Minho as quebras ocorridas nas variedades precoces
terem sido compensadas pelas produções obtidas posteriormente, a baixa
produção da Beira Interior, acabou por determinar uma quebra global de
25%, face à campanha passada.

Climatologia em Julho de 2012
No final do mês de Julho, a percentagem de água no solo, em relação à
capacidade de água utilizável pelas plantas, apresentavam valores
inferiores a 10% em todas as regiões a sul do sistema montanhoso
Montejunto-Estrela e no Interior Norte.

Fonte: INE

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2012/08/20.htm

Sem comentários:

Enviar um comentário