segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Conclusão da barragem do Foz Tua adiada quase um ano devido a abrandamento das obras

23 Agosto 2012 | 17:52
Lusa

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A EDP já reprogramou as obras para a construção da barragem, a pedido
da Unesco. O novo plano atira para o terceiro trimestre de 2016 o
arranque da operação da central hidroeléctrica.
A EDP reprogramou o calendário de construção da barragem de Foz Tua
que adia em quase um ano a conclusão do empreendimento, devido ao
abrandamento dos trabalhos acordado entre o Governo português e a
Unesco.

O organismo internacional pediu o abrandamento da obra até à
apresentação do relatório, que deverá estar pronto no final do ano, da
missão que, no início de Agosto, visitou a região para analisar os
impactos do empreendimento hidroeléctrico no Douro Vinhateiro
Património da Humanidade.

Um grupo de associações opositoras da barragem acusou o Governo e a
EDP de "desrespeito" do acordo por alegadamente "as obras não terem
abrandado", além de ter sido aprovado um incentivo à EDP pela
electricidade.

Num esclarecimento por escrito à Lusa, a concessionária da barragem
refere que "em resposta à orientação da Unesco, a EDP procedeu a uma
reprogramação da construção de Foz Tua" e que "este novo plano remete
o início de actividade do empreendimento para o terceiro trimestre de
2016", enquanto "a data inicial apontava para Novembro de 2015".

A empresa esclarece ainda que "o abrandamento do ritmo de trabalhos,
já em curso, implica o adiamento do início de construção do paredão da
barragem" e que "a suspensão desta componente central do projecto
traduz-se numa diminuição do número de empregos directos".

"Estão actualmente em obra 335 trabalhadores. Em Junho último, antes
da decisão daquela entidade, eram 506. De acordo com o cronograma
inicial, o projecto empregaria nesta altura cerca de 800
trabalhadores", concretizou.

A EDP sublinha ainda "a inexistência de subsídios em Foz Tua",
referindo que "aquele empreendimento, a ser concluído, receberá uma
garantia de potência tal como as restantes novas centrais
hidroeléctricas em construção".

Alega "tratar-se de um pagamento pelo serviço de disponibilidade de
potência que as centrais prestam ao sistema eléctrico, sempre que haja
necessidade de suprir falhas de abastecimento num curto espaço de
tempo".

Contactado pela Lusa, o Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e
Ordenamento do Território (MAMAOT) reforçou a informação já adiantada
há uma semana e que vai ao encontro dos dados avançados pela EDP.

A recalendarização das obras foi apresentada pela ministra Assunção
Cristas à missão da UNESCO.

"O Governo está-se nas tintas para a UNESCO", afirmou hoje Daniel
Conde do Movimento Cívico pela Linha do Tua (MCLT), que acusa o Estado
português e a EDP de incumprimento do acordo numa exposição feita
àquele organismo.

A posição é subscrita por mais quatro associações opositoras da
barragem: GEOTA- Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e
Ambiente, LPN- Liga para a Protecção da Natureza, COAGRET-
Coordenadora dos Afectados pelas Grandes Barragens e Transvazes, e o
Movimento Cívico pela Linha do Tua (MCLT).

"As obras não abrandaram. Até há indicação de que há mais máquinas",
afirmou à Lusa Daniel Conde, que disse ainda à Lusa não ter dúvidas de
que "ou a barragem para ou o Douro vai ser desclassificado".

Aquele activista contesta o argumento de que a barragem "ocupará
apenas 0,001 por cento da zona classificado, porque para a UNESCO o
que conta é o valor universal do património classificado".

Os opositores da barragem contestam ainda o novo regime de incentivos
para garantias de potência aos centros electroprodutores aprovado por
portaria do Governo de 20 de Agosto, que classifica de "uma extorsão
às famílias portuguesas de 30 milhões de euros por ano, em benefício
das grandes eléctricas".

Foz Tua é contemplada nesta portaria que "lista as novas centrais
hidroeléctricas que serão abrangidas por este regime, incluindo todas
as centrais aprovadas ao abrigo do Programa Nacional de Barragens,
mais o Baixo Sabor e Ribeiradio", segundo os contestatários.

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