sábado, 22 de setembro de 2012

Agrovouga: Ministra dispôs-se a ouvir protestos, apesar da protecção policial, e prometeu levar problemas a Bruxelas

A ministra da Agricultura, Assunção Cristas, prometeu ontem tentar
resolver em Bruxelas os problemas dos produtores de leite, à saída da
Agrovouga, em Aveiro.

Assunção Cristas tinha à sua espera em Aveiro, centenas de
agricultores com chocalhos a expressar o seu descontentamento, mas
também um forte dispositivo policial que, inclusive, dificultou o
diálogo a que se prestou com Albino Silva, dirigente da Associação da
lavoura do Distrito de Aveiro (ALDA), que liderava o protesto.

Após entrar nas instalações da feira, inaugurada ontem, a ministra foi
encaminhada para o auditório onde decorre o certame, para encerrar um
seminário alusivo aos 50 anos da Política Agrícola Comum. A governante
ouviu Pedro Pimentel, da Associação Nacional dos Industriais de
Lacticínios (ANIL) e o professor Mário Pedro Ferreira, da Universidade
Católica, a dissertarem sobre os desafios dos produtores de leite e a
transição na fileira do leite.

"As marcas comerciais (do leite) estão a ter uma grande tareia, com
uma redução substancial do consumo interno, para cujo mercado o sector
tem estado direccionado", descreveu Pedro Pimentel, acentuando que as
variações fiscais, nomeadamente do IVA, se reflectem na procura por
produtos mais baratos na origem.

Já Mário Ferreira, munido com gráficos nos quais dados registados
entre 2001 e 2012, procurou demonstrar que a remuneração do leite aos
produtores decresceu com a inflação, ao inverso dos custos,
nomeadamente dos combustíveis e da compra das rações.

Os agricultores que participavam no protesto, apesar dos inúmeros
lugares vagos na sala, foram impedidos de assistir, por não se terem
inscrito, mas a exposição dos oradores, ainda que diferente no
discurso e na ilustração, foi condizente com as suas queixas: os
custos não param de aumentar e o que lhes é pago pelo leite continua a
ser baixo.

No final, Assunção Cristas disse aos jornalistas conhecer bem os
problemas dos agricultores e respeitar a forma que escolheram para os
transmitir, assegurando estar a fazer tudo o que está ao seu alcance
para os resolver, nomeadamente no sector do leite, que tem especial
incidência na região.

"Segunda-feira estarei em Bruxelas, juntamente com Espanha e com
outros países, numa iniciativa nossa de agendar no conselho de
ministros um ponto sobre a questão do leite, para tentar que sejam
dadas ajudas específicas, numa altura em que os custos de produção
aumentaram muito, em virtude da seca mundial e onde há dificuldades
grandes", disse.

A ministra sublinhou a insistência da posição portuguesa nas
negociações da Reforma da Política Agrícola Comum para que seja
mantido o regime das quotas leiteiras "ou arranjar alternativas" para
os agricultores.

"Temos mantido sempre uma posição de defesa e sensibilidade para com
os seus problemas e tudo estou a fazer, do que está ao meu alcance,
para ajudar a ultrapassarmos essas dificuldades", finalizou.

Fonte: Lusa

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2012/09/22c.htm

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